Por Elizabete Cardoso


As "Tucanas" constituem o primeiro grupo de
percussão feminino em Portugal

Juntas desde Agosto do ano passado, Xana, Mónica, Joana, Sara e Tânia são as cinco mulheres que compõem o grupo "Tucanas". Apesar de todas desenvolverem outras actividades ainda lhes sobra tempo para compor, encenar e coreografar os trabalhos apresentados.
As "Tucanas" apostam na construção de instrumentos e composição de temas inspirados nas tradições portuguesa, africana e brasileira. O colectivo afirma-se através de muitas influências, desenvolvidas a partir de actividades noutras áreas, tão diversas como o Teatro, a Dança, a Música Tradicional Portuguesa ou mesmo o Rock. "Nunca finalizámos nada, mas passámos por muitos projectos" confessa Tânia um pouco envergonhada.
Esta banda é, no mínimo, original, não só por ser o primeiro grupo de
percussão feminino em Portugal, mas também porque alguns instrumentos são inventados e outros feitos a partir de bidões e restos industriais. "O
facto de não termos dinheiro para investir em instrumentos fez com que
pensássemos em reciclar", explica Joana.
A escolha da reciclagem destes instrumentos é feita também por uma questão de sonoridade, porque "bidões de 200 litros de óleo conseguem emitir sons muito poderosos" afirma Sara.
O espectáculo é composto por uma forte componente cénica. Entre a
sensibilidade feminina e a força musculada de tocar percussão, brincam e
jogam com o ritmo e a harmonia dentro de um visual muito próprio: "As
roupas são adaptadas de forma a permitirem movimento" refere Sara.
Pouco habituadas a actuar num espaço tão reduzido para tantos instrumentos, lá se foram adaptando ao longo do espectáculo. O público de várias faixas etárias, mas nem por isso menos receptivo, aplaudiu durante toda a noite.
A actuação de um grupo de percussão feminino surpreendeu o público: "nunca tinha visto mulheres a tocar percussão, mas é um projecto muito bom" afirma Diogo Loureiro, um dos espectadores.