| No último dia do Ethnicu, 12 de Abril, o Grupo de Unhais da Serra e Lélia 
                        Doura - Gaitas da Galiza, subiram ao palco para uma actuação conjunta. 
                        Devido ao mau tempo, o espaço do Jardim Público, foi substituído 
                        pela sala-estúdio do Teatro das Beiras.O Grupo de Bombos de Unhais da Serra, fundado em 1979, preocupa-se em fazer instrumentos 
                        adequados à tradição dos pastores Serra da Estrela, particularmente 
                        de Unhais da Serra. "A tradição é aproveitar as peles 
                        dos animais para fazer instrumentos musicais, casacos e calças para a protecção 
                        dos pastores", afirma Álvaro Cardoso Pessoa, fundador do grupo.
 Instrumentos como o pífaro, feito de pau de sabugueiro, material abundante 
                        na ribeira de Unhais da Serra, e o tambor, são tocados no grupo. Constituído 
                        por nove elementos, o grupo tem como base apenas três: o pífaro, 
                        o tambor grande e o tambor pequeno. "Através da nossa música 
                        tentamos mostrar o que foi a vida dos pastores e a história da nossa região", 
                        salienta Álvaro Pessoa. Além de actuar em eventos etnográficos, 
                        o grupo trabalha também ao nível de festas medievais, tendo estado, 
                        em 2002, numa digressão pela Europa em países como Espanha, França, 
                        Andorra e Itália, onde o grupo teve oportunidade de mostrar as suas músicas. 
                        "Gostaram muito do nosso desempenho e temos um novo convite para este ano, 
                        ainda que não seja possível repetir a digressão, pois temos 
                        outros compromissos. A digressão durou 16 dias e foi um trabalho positivo", 
                        salienta Álvaro Pessoa.
 A convite do Grupo de Bombos, os Lélia Doura subiram ao palco para uma 
                        actuação conjunta. Oriundos do Porto, os Lélia Doura são 
                        uma banda de Gaitas de Foles acompanhadas pela percussão. A banda existe 
                        há três anos e dele fazem parte sete elementos: Cinco gaitas, um 
                        tambor e uma flauta.
 "Lélia Doura é uma expressão da zona galaico-douriense. 
                        Adoptámos o nome porque é bonito e tem uma sonoridade única. 
                        Por outro lado, houve uma coincidência não muito casual, que é 
                        a aproximação do Rio Douro", indica António Rangel, 
                        um dos fundadores do grupo para justificar o original nome do grupo.
 Os Lélia Doura, que têm actuado um pouco por todo o País e 
                        Espanha, receberam recentemente um convite para actuar em Itália: "Estamos 
                        muito contentes pelo convite, contudo não é possível respondermos 
                        positivamente porque coincide com a data de um encontro de gaiteiros que nós, 
                        juntamente com a Associação de Gaitas de Foles de Lisboa, organizamos 
                        todos os anos, que reúne músicos de todo o país. É 
                        um encontro de alguma forma importante para nós", acrescenta António 
                        Rangel.
 O grupo, que é convidado para actuar em vários eventos, fá-lo 
                        com maior incidência em feiras medievais e reconstituições 
                        históricas. "Onde temos uma actuação mais assídua 
                        é em Santa Maria da Feira, onde regularmente se organizam ceias medievais 
                        no castelo. Na Covilhã é a primeira vez que o grupo actua", 
                        afirma António Rangel.
 Os Lélia Doura pretendem transmitir uma música agradável 
                        para quem ouve, ainda que toquem um instrumento diferente: "A gaita-de-foles 
                        é um instrumento ainda muito estranho para algumas pessoas, mas por vezes 
                        conseguimos um público atento e interessado", conclui António 
                        Rangel.
 
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