Fernando Dacosta tem um olhar muito próprio sobre o 25 de Abril
"Conversar Literatura"
Fernando Dacosta e as suas memórias

O escritor e jornalista Fernando Dacosta esteve no Tortosendo para "Conversar Literatura" Uma oportunidade para lembrar histórias de vida e o actual estado da comunicação em Portugal.


Por Catarina Rodrigues


"A máquina de comunicar mais perfeita e avançada que existiu até hoje foi o livro e assim será para sempre". Palavras de Fernando Dacosta, jornalista e escritor convidado para participar na iniciativa "Conversar Literatura", organizada pela Liga de Amigos do Tortosendo (LAT). Uma espécie de tertúlia que teve lugar na passada sexta feira, no auditório da Junta de Freguesia da vila.
O jornalista que actualmente pertence aos quadros da revista "Visão", sublinhou que "o comércio tentou transformar o livro num produto de consumo, mas o livro não o é". Dacosta falou ainda sobre vários escritores como Fernando Pessoa e Virgílio Ferreira e lamentou o facto de não ser dado "o devido valor à criatividade portuguesa". O papel dos media foi também um das aspectos focados por Fernando Dacosta. "A televisão é um meio que está devastado pelos meios economicistas", refere.
Merícia Passos, presidente da LAT explicou que o convite feito a Fernando Dacosta foi "uma forma de lembrar Abril" já que o escritor tem várias obras relacionadas com esta temática. Para Dacosta o 25 de Abril é "uma das datas mais importantes da história de Portugal".
De forma descontraída e bem disposta, o escritor contou experiências vividas na primeira pessoas em épocas da revolução e recordou os contactos directos que teve, como jornalista, com Salazar. Tempo ainda para falar das suas últimas obras publicadas:"Os Infiéis" e "Nascido no Estado Novo".




Um escritor premiado



Fernando Dacosta nasceu a 12 de Dezembro de 1945, em Luanda. Passou a infância e a adolescência no Alto Douro. Frequentou o liceu na cidade de Lamego fixando-se mais tarde em Lisboa, depois de passar por Coimbra. Fez o curso de jornalismo em Espanha e exerceu depois em Portugal. Passou por diversos órgãos de informação, como o Comércio do Funchal, Vida Mundial, Diário de Lisboa, Diário de Notícias, A Luta, o Jornal e o Público . Actualmente pertence aos quadros da Visão. Foi director dos Cadernos de Reportagem e co-editor da Relógio d'Água. Na RTP1 teve uma rubrica sobre livros entre 1991-92.
Tem mais de 20 obras publicadas. "Os Infiéis" e "Nascido no Estado Novo" foram, respectivamente, os seus últimos romance e narrativa. Foi galardoado com dez prémios, entre os quais o Grande Prémio RTP, o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos e o Prémio Casa da Imprensa.