"Uma nova redução de receitas será desastrosa para
as finanças municipais". O alerta é feito por Carlos Pinto,
presidente da Câmara Municipal da Covilhã e vem na sequência
das alterações à SISA, bem como ao futuro Imposto Municipal
Sobre Imóveis. O momento, "particularmente difícil", é
encarado pelo autarca com todo a preocupação. "A Câmara
Municipal está a fazer o possível para que não se sinta esta
situação, mas não sei. Estamos todos imbuídos do espiríto
de fazer o mais possível neste mandato", afirma. Mas os receios aumentam
de tom. "Se congelam os empréstimos, se não há contratos-programa
e se se reduz aquilo que era a SISA e a Contribuição Autárquica,
as coisas não serão fáceis", afiança Carlos Pinto.
As vozes contestatárias à redução do imposto vêm
de todos os quadrantes políticos. O deputado e ex-secretário de
Estado da Administração Local, o socialista José Augusto
de Carvalho, afirma, em declarações à Agência Lusa,
que os municípios terão, até final do ano, uma quebra de
"200 milhões de euros nas receitas" se for aprovada a redução
da SISA, pelo que devem ser compensados. A própria Associação
Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), presidida pelo social-democrata
Fernando Ruas, reuniu na última segunda-feira, 21, com o primeiro-ministro,
de modo a alertar para a necessidade de compensar as autarquias pela quedra de
receitas. Mas o Governo recusou qualquer compensação, porque acredita
que as alterações no imposto de SISA vão reanimar o mercado
habitacional. Para o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Vasco Valdez,
"esta reforma tributária vai impulsionar as transacções
de imóveis já este ano e reduzirá a tentação
de evasão fiscal, o que significará um aumento de receita, até
para os municípios". Perante este cenário, o Conselho Geral
da ANMP reuniu um Coimbra, na terça-feira, 22, para decidir que medidas
tomar para compensar as autarquias face à quebra de receitas de SISA.
Estas preocupações foram manifestadas pelo edil covilhanense no
decorrer da assinatura de 62 protocolos com as 31 freguesias do concelho, na quinta
feira, 10. Durante este ano, a Câmara Municipal vai transferir para os cofres
das Juntas um total de 275 mil euros, como vista à limpeza, recolha de
resíduos sólidos e modernização administrativa, no
âmbito do POCAL. Apesar das dificuldades que se vivem ao nível das
finanças municipais, o presidente da autarquia deixa uma palavra de garantia
de que a Câmara "continuará a fazer os possíveis para
manter a corrente de obras". Carlos Pinto dá o exemplo dos projectos
das variantes ao Dominguiso, Vales do Rio e Peso, que estão praticamente
prontos e em condições de irem para concurso. A estrada Pereiro-São
Jorge da Beira e Teixoso-Alto de São Geão, a ligação
da zona do Canal, em Unhais da Serra, para concluir a aproximação
às Penhas da Saúde e à Nave de Santo António, são
outros exemplos de obras a lançar dentro em breve. "O ritmo está
a decorrer normalmente, não há obras paradas. Mas não posso
deixar de comungar com todos estas preocupações que estamos a viver",
justifica o político.
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