Por Hugo Ribeiro



Segundo José Geraldes a iniciativa permitirá debater muitas das questões que se levantam sobre o jornalismo

Começa hoje, no Anfiteatro I da Universidade da Beira Interior (UBI), o Ciclo de Cinema "Jornalismo e Poder". A ideia é "privilegiar a comemoração dos 90 anos do Notícias da Covilhã com uma forte componente cultural", explica José Geraldes, docente da UBI e director deste semanário regional.
Ao longo do mês de Maio serão exibidos quatro filmes que abordam os problemas do jornalismo e o seu poder de influência. Assim, todas as terças feiras, pelas 17 horas, poder-se-á assistir a um filme e depois discutir o tema levantado. Os debates serão moderados por docentes da universidade que conhecem a história e são especialistas no assunto.
Num período em que se levantam novos problemas em relação ao poder do jornalismo, a iniciativa surge como forma de dar resposta a muitas perguntas e como meio de reflexão sobre o assunto. Para José Geraldes, "os filmes retratam muito bem a questão de saber se o jornalismo é um poder ou um contra-poder".
A divisão do Ciclo de Cinema em quatro semanas foi pensada no sentido de não cansar quem assiste e para que as pessoas tenham mais tempo para reflectir acerca dos temas. Criar um hábito semanal é outro dos objectivos para os organizadores do evento.
O Departamento de Comunicação e Artes da UBI teve um papel importante na concretização do projecto, uma vez que "abraçou a iniciativa de maneira clara, resolveu as questões de logística e deu uma grande colaboração na realização de uma maquete introdutória sobre o ciclo", sublinha o director do Notícias da Covilhã.
José Geraldes acredita que a adesão quer dos alunos, quer da população em geral vai ser grande, na medida em que é a primeira vez que se faz algo sobre esta temática. O acontecimento é "uma mais-valia para as pessoas que assistem e um forte contributo para a abertura da futura licenciatura em Cinema na universidade".
Até Janeiro de 2004, o Notícias da Covilhã pretende comemorar os seus 90 anos com a realização de mais actividades, tais como uma exposição de pintura de um artista da cidade, uma participação na Covifeira e umas jornadas subordinadas ao tema "Desenvolvimento da Imprensa Regional".

 



Breve apresentação dos filmes



O primeiro filme a ser exibido é O Homem que matou Liberty Valance, de John Ford. A história baseia-se sobre a substituição dos heróis pelos políticos, advogados e jornalistas, personagens de uma sociedade moderna sem duelos ao entardecer e gestos de grandeza solitária.
A Corrupção do Poder, de Robert Rossen, será apresentado no dia 13 de Maio. Jack Burden é um jornalista que se torna a testemunha privilegiada da carreira de Willie Stark, um político rural que chega a Governador estadual, e da desgraça a que o conduz o vício do poder.
No dia 20, será a vez de O Mundo a seus pés (Citizen Kane), de Orson Welles. O argumento é sobre Charles Foster Kane, magnata de sucesso da imprensa, figura em que muitos quiseram ver um possível retrato do multimilionário William Randolph Hearst.
O Informador, de Michel Mann fecha o ciclo de cinema no dia 27 e fala sobre a dificuldade da batalha aos poderes instituídos nas suas multiplas ramificações e à lógica economicista a que, de algum modo, nenhuma actividade parece poder escapar- incluíndo os media.
Após cada sessão haverá debates sobre o tema, que serão moderados por João Correia, Luís Nogueira, António Fidalgo e Anabela Gradim, docentes do Departamento de Comunicação e Artes da Universidade.