Cerca de 400 pessoas assistiram à exibição da peça "A Ferida no Pescoço"
Teatr'UBI abre actuações estrangeiras em Ourense
"Ferida no Pescoço" encanta galegos

Presente em sete das oito edições da Miteu, o Teatr'UBI é um dos veteranos do Festival de Teatro de Ourense. Este ano coube aos covilhanenses a honra de abrir as representações estrangeiras.


Alexandre S. Silva
NC/Urbi et Orbi


Pelo sétimo ano consecutivo a companhia universitária Teatr'Ubi encantou a Galiza em mais uma edição da Miteu - Mostra Internacional de Teatro Universitário de Ourense, naquele que é considerado o maior festival do género no país vizinho. Os covilhanenses, que só não participaram na primeira mostra, são já veteranos do certame que reuniu, este ano, 20 companhias de vários países europeus e africanos.
Para Espanha, os ubianos levaram um elenco de 23 actores e duas peças na bagagem, ambas encenadas por Susana Vidal, que, curiosamente, acabou por não se deslocar ao festival. O dia 26 de Abril, sábado, ficou, aliás, por conta dos covilhanenses. À tarde subiram ao palco do Teatro Principal de Ourense com a peça "Do outro lado sempre estás tu, do lado de Nápoles", perante uma plateia de cerca de 200 pessoas. À noite, a sala, com lotação para 400 espectadores, encheu para aplaudir "A ferida no Pescoço", baseado num texto de Heiner Müller. "O público adorou a peça. Tivemos que subir várias vezes ao palco no final", conta Rui Pires, responsável pela companhia. As relações do Teatr'Ubi com a cidade espanhola são as melhores. Desde 1997 que o grupo português participa na Miteu, a convite dos Maricastaña, grupo de teatro da Universidade de Vigo e, este ano, teve mesmo o privilégio de ser a primeira formação estrangeira a actuar no palco do Principal.
Aliás, o carinho dos galegos pelos portugueses ficou bem patente na festa organizada pela Miteu na recepção ao grupo lusitano. "Chegámos a Ourense no dia 25 de Abril e levaram-nos para um pequeno bar onde tinham preparado um concerto com músicos locais a cantar Zeca Afonso e Fausto sob as bandeiras de Portugal e da Galiza". recorda Rui Pires. "Foi a maneira que eles arranjaram para podermos festejar o 25 de Abril, mesmo não estando no nosso País".
A Miteu, que teve início no dia 22 de Abril, terminou amanhã no passado sábado, 10, com uma cerimónia onde foram entregues os prémios do Público e do Júri.

Digressões dependentes de apoios

De volta a Portugal, e à Covilhã, o Teatr'Ubi saiu do "País das Maravilhas" para regressar a uma realidade bem mais difícil. "É fantástica a organização da Miteu. Lá há patrocínios a sério para o teatro ou qualquer outra iniciativa cultural. Daqui, o único apoio que levámos foi o autocarro da Reitoria da Universidade", lamenta Rui Pires.
Dos apoios, ou da falta deles, está dependente a digressão que o grupo gostaria de fazer pelo País. Confirmadas, mas sem data marcada, estão idas a Aveiro e Faro. Na primeira cidade vai ser reposta em cena, durante uma semana, a "Ferida no Pescoço", e para o Algarve estão previstas mais duas actuações. Ainda por decidir estão as deslocações à Guarda, Castelo Branco, Viseu, Coimbra e Águeda. França, país do qual também receberam um convite, "está definitivamente fora de questão porque não temos dinheiro nem patrocinador", esclarece o actor e dirigente do Teatr'Ubi. Do mesmo modo foi adiada uma deslocação a Madrid para quatro actuações na Sala Triangular". É que para além da escassez de mecenas, revela Pires, "ainda há instituições que nos devem dinheiro de espectáculos e eventos já realizados. A Câmara da Covilhã, por exemplo, ainda não nos deu o apoio prometido de dois mil e 500 euros referente ao último ciclo de teatro". Pelas mesmas razões, o Festival de Teatro de Rua, inicialmente pensado para os meses de Junho e Julho na cidade também não vai avançar. Ainda assim, o grupo não desanima e já está a pensar no formato do próximo Festival de Teatro Universitário, bem como na escolha dos textos para novas peças.