Guarda
Deficientes com respostas insuficientes

Apesar de Portugal ter um milhão de pessoas com deficiência, as respostas dadas a estes indivíduos é pouca. Foi esta a principal conclusão de um colóquio realizado na Guarda, no âmbito das Comemorações do Ano Europeu da Pessoa com Deficiência.

Hélder Sequeira
NC/Urbi et Orbi


"Deficiência, I.P.S.S.'s e Família" foi o tema da conferência que de decorreu na Guarda, na passada sexta-feira, 9, no âmbito das comemorações do Ano Europeu da Pessoa com Deficiência (AEPD). Esta iniciativa, que teve como orador Carlos Andrade (Director do Centro Regional de Segurança Social de Lisboa e ex-Presidente do CRSS da Guarda), foi promovida pelo Governo Civil da Guarda, no auditório do Instituto Português da Juventude.
O Governador Civil, Joaquim Lacerda, sublinha a necessidade de "alertar, alterar mentalidades e comportamentos" de forma a que as pessoas portadoras de deficiência sejam vistas "de um outro modo". Lacerda lembra que as famílias e as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS's) "são os actores principais de uma problemática que muitos preferem ignorar, esquecer e mesmo até esconder". Contudo, o Governador Civil fez notar que "com esforço e dedicação têm conseguido vencer têm conseguido vencer o preconceito e têm contribuído para a melhoria da sua qualidade de vida". Reconhecendo que as famílias, na maioria dos casos, "não estão preparadas para lidar com a deficiência" destacou que "é aqui que as IPSS's têm desempenhado um papel que o Estado não está, muitas vezes, preparado para desempenhar".
Para Carlos Andrade, a deficiência é "uma das áreas de maior preocupação", problema para o qual o Estado, "não tem olhado de frente".
Apesar de Portugal possuir um milhão de pessoas portadoras de uma ou mais deficiências, o que se traduz em dez por cento da população, o Director do CRRS de Lisboa sustenta que as respostas hoje dadas aos deficientes são ainda "insuficientes". Carlos Andrade considera que, para além do apoio e do papel regulador, ao Estado cabe o papel de executor, o de gestor de modelos e ainda a responsabilidade das melhores práticas. Aquele responsável evidencia ainada a necessidade de alargar as estruturas de apoio à população deficiente, acrescentando que incumbe à sociedade civil reivindicar o apoio do Estado Reconhecendo que "a família é o pilar essencial para o reconhecimento da cidadania das pessoas com deficiência" chama a atenção para o facto de haver autarquias que aprovam projectos, nesta área, os quais não são implementados na prática. que depois, na prática não implementam.
Carlos Andrade recorda que situação idêntica se passa no plano do emprego, pois há legislação que obriga à inclusão, nos concursos, de uma quota de cinco por cento para contratação de deficientes e "na prática, isso não acontece".