Foram poucos os alunos da UBI que fizeram greve no dia 22
Fraca adesão na UBI
Greve nacional contra a reforma

A reforma proposta para o Ensino Superior foi novamente o mote para a organização de uma greve nacional. A presidente da AAUBI, Ana Cruz, considera que muitos estudantes estão ainda "pouco informados e até desinteressados" sobre o que se passa no contexto universitário.


Por Inês Monteiro


Os estudantes do Ensino Superior manifestaram mais uma vez o seu descontentamento relativamente às propostas apresentadas pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior, na passada quinta feira, 22.
A propina progressiva, a autonomia das instituições, a participação dos alunos nos órgãos e o acesso ao Ensino Superior, são os pontos mais contestados pelos estudantes de todo o país e que motivaram a greve a nível nacional.
A presidente da Associação mostrou-se descontente pela fraca adesão que a greve registou, mas compreende esta situação, uma vez que se aproxima "o final do ano, época decisiva para muitos estudantes".
Ana Cruz considera que uma reforma para o Ensino Superior deveria passar por "uma mudança no sentido de alcançar melhor qualidade, no entanto não é certamente isso que estas medidas pretendem".
A presidente da Associação critica ainda o Governo por "estar a mexer num pacote de leis para o ensino, sem as apresentar aos parceiros sociais, que incluem os estudantes, e sem haver um prazo de discussão pública ". Ana Cruz refere que é absurdo os estudantes "terem apenas breves noções das orientações dos projectos-lei, mas em concreto nada se conhece. Mesmo assim, esses projectos estão já a ser aprovados em Conselho de Ministros, o que é ilegal e injusto para com alunos e professores".
A presidente da AAUBI refere ainda que "é pena que os alunos não se juntem e não se manifestem de uma forma mais activa para reivindicarem direitos que são seus".
Ana Cruz considera lamentável que existam estudantes universitários que não estão "minimamente informados" e se encontrem até "desinteressados" com o que se passa no contexto universitário. A presidente adianta que talvez "estes estudantes não estejam a perceber as implicações que estas medidas podem trazer para o futuro" e refere ainda que "as pessoas têm tendência para se revoltarem apenas quando as medidas já estão em prática, mas aí já é tarde demais".
Ana Cruz defende que através deste tipo de campanhas de luta se tem conseguido fazer chegar a mensagem ao Governo, uma vez que se começa a sentir "um balanço naquilo que era a posição inicial, nomeadamente, com a propina progressiva. No entanto, existem outras medidas com as quais o Governo se mostra intransigente".
António Albernaz, aluno do curso de LCP, aderiu à greve e considera que esta é realizada "em prol daqueles alunos que não têm muitas condições económicas, visto que lhes vai trazer muitas barreiras para continuarem a estudar. Aqueles que têm posses nem se interessam por este assunto". António considera ainda que na maioria dos casos, são "os pais que pagam as propinas, mas se fossem todos os estudantes a pagar, esta greve seria absolutamente geral".