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                       O relatório de contas de gerência da Câmara da Covilhã 
                        foi aprovado por maioria na Assembleia Municipal, com dois votos contra da CDU 
                        e cinco abstenções do PS. Os comunistas justificaram a votação 
                        com o crescente endividamento da autarquia e com o facto da taxa de execução 
                        do plano e orçamento estar longe do previsto. 
                        A dívida da Câmara ronda os 65 milhões de euros. Jorge Fael, 
                        deputado eleito pela CDU, lembra que "este ano a contracção 
                        de empréstimos significou 47 por cento das despesas de capital e será 
                        paga no futuro pelos covilhanenses". Fael recorda que "segundo o município 
                        a utilização da capacidade de endividamento situa-se nos 60 por 
                        cento, mais cinco por cento que em 2001". 
                        Segundo Artur Meireles, líder da bancada do PS, a capacidade de endividamento 
                        não é de 60 por cento mas sim de 50 por cento "o que não 
                        é muito aceitável". O socialista sublinha que estes valores 
                        "só vêm provar que o plano e orçamento era demasiado 
                        irrealista". Meireles salienta que a autarquia dispõe somente de um 
                        recurso financeiro de 230 mil contos. Se a Câmara da Covilhã quiser 
                        recorrer a algum empréstimo este ano, apenas poderá ser dentro dessa 
                        quantia. 
                        As críticas da oposição são justificadas pelo vereador 
                        das Finanças, Luís Barreiros, com o aumento do investimento verificado. 
                        "O município não se endividou, enriqueceu em termos de património", 
                        frisa. Uma opinião partilhada por Carlos Pinto, presidente da autarquia 
                        que sublinha o facto do município nunca ter realizado tanto investimento 
                        como em 2002. O edil vai mais longe e refere que "a Câmara da Covilhã 
                        tem uma situação financeira que muitas autarquias gostavam de ter" 
                        e acrescenta "um discurso baseado no endividamento é um discurso de 
                        pobreza". 
                        PS e CDU lamentaram o facto de terem tido "muito pouco tempo" para analisar 
                        os documentos com rigor. "Foram-nos entregues 800 páginas para analisar 
                        em três dias e é complicado", desabafa Artur Meireles. O socialista 
                        reconhece que os documentos foram entregues dentro do prazo estipulado por lei, 
                        mas "esse tempo foi insuficiente". 
                        A votação para o relatório de contas de gerência dos 
                        Serviços Municipalizados da Covilhã (SMAS) foi exactamente a mesma, 
                        dois votos contra da CDU e cinco abstenções do PS. A maioria laranja 
                        votou favoravelmente. 
                        O passivo dos SMAS ultrapassa actualmente os 22 milhões de euros. A CDU 
                        condena uma gestão que considera "sobrecarregar os munícipes 
                        e aumentar significativamente o passivo". Já o PS justifica a abstenção 
                        com o facto do relatório não ter sido analisado com o rigor necessário, 
                        uma vez que foi dada prioridade ao relatório das contas de gerência 
                        da Câmara. 
                       
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