Nas confecções, os despedimentos têm levado os trabalhadores ao desespero
Números continuam a subir
Desemprego aumenta do distrito

Segundo a União dos Sindicatos, o desemprego continua a subir de forma assustadora no distrito de Castelo Branco. Num ano, mais 2277 pessoas ficaram sem "ganha pão". Mas Luís Garra diz que estes números escondem uma realidade ainda mais dura.


Céu Lourenço
NC/Urbi et Orbi


A União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB) anunciou na sexta-feira, 23, que o desemprego continua a crescer de uma forma abrupta e acelerada colocando este distrito muito acima do crescimento médio do País.
Dos 5749 desempregados em Março do ano passado, no mesmo mês, em 2003, o número subiu para 7836. Ou seja, em apenas um ano mais 2277 pessoas ficaram sem emprego, num crescimento de 39,6 por cento quanto ao aumento médio nacional de 25,1 por cento.
Luís Garra, coordenador da USCB, salienta que "estes números não traduzem toda a dimensão do desemprego existente, dado não estarem contabilizados os trabalhadores desempregados, mas que se encontram em programa ocupacionais. Também não estão incluídos os jovens à procura do primeiro emprego, nem os desempregados que já deixaram de receber o subsídio e que deixaram de recorrer aos Centros de Emprego tendo estes orientações para administrativamente abater estas pessoas da situação de desempregados".Para Luís Garra, o grande número de desempregados não é mais elevado, porque o distrito de Castelo Branco é dos mais envelhecidos e desertificados.
Em matéria de desemprego as mulheres são em maior número representando 4903 contra 2933 homens sem emprego.
O coordenador da USCB refere que o desemprego não se refere só aos concelhos da Covilhã e do Fundão. "No concelho de Castelo Branco regista-se um crescimento do desemprego em 38,7 por cento, o que significa que os sectores têxteis sendo determinantes, revelam uma situação negativa que acaba por contribuir para que outros sectores que estão associados, em termos de negócios, acabem igualmente por sofrer as consequências. A origem do desemprego em Castelo Branco não é a mesma do norte do distrito" explica Garra.
No distrito é de realçar que, à excepção do concelho da Sertã, todos os outros registaram um aumento do desemprego. Quanto ao nível de habilitações, destacam-se os indivíduos que têm mais anos de escolaridade acima do 12º, notando-se um crescimento de 21,4 por cento, representando seis por cento dos desempregados. Só que este fenómeno também atingiu as pessoas que têm menos anos de escolaridade. A propósito Luís Garra lembra que o desemprego tem custos pesados, havendo uma errada estratégia económica do Governo que "de uma forma absolutamente irresponsável e desumana demonstra que o ministro Bagão Félix, procura e gosta de alardear a sua alma cristã, demonstrando pelas palavras e actos estarmos perante um cristão falso" afirma. Garra sustenta que "efectivamente, quando se diz que numa economia aberta como a nossa, o desemprego excedente é natural, esse 'beato falso' sabe que está a lidar com pessoas, e uma pessoa desempregada é um drama social que lhe está subjacente".A concluir Luís Garra considera ser "necessário um novo modelo de desenvolvimento com uma política diferente, em que no distrito de Castelo Branco, reafirma-se a necessidade de aprovação e implementação de um Plano de Emergência".


Centro abaixo da média nacional



A verdade é que, apesar do panorama não ser o melhor, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a região Centro não é das piores. Segundo o INE, houve um aumento de desempregados no primeiro trimestre de 2003, com a taxa de desemprego a situar-se nos 6,4 por cento. Por regiões, o Norte, Alentejo, Algarve e Lisboa e Vale do Tejo são as mais afectadas, com taxas que oscilam entre os 7 e 9,7 por cento. Açores, Madeira e Centro estão abaixo da média nacional. A região Centro, neste primeiro trimestre de 2003, teve uma taxa de desemprego de 3,5 por cento. Um aumento de meio ponto percentual em relação a idêntico período no ano passado, mas uma diminuição de 0,2 por cento em relação ao último trimestre de 2002.