Por Paulo Galhardo


"A academia não pode assumir gastos incomportáveis"

U @ O - Porque é que decidiu avançar como candidato?
L F -
É importante dar sucessão à luta académica e é fundamental que as pessoas se sintam representadas e que haja trabalho da nossa parte. Uma das ideias defendidas pela nossa lista, que se apresentou como D, é a de Despertar. Queremos que as pessoas se voltem a interessar e a reivindicar os seus direitos.

U @ O - Foi difícil preparar estas eleições?
L F -
É incrível como é difícil encontrar pessoas com disponibilidade para assumir e trabalhar para a associação. Não nos interessava arranjar só nomes para encher a lista, queremos mesmo pessoas para trabalhar, as 19 pessoas necessárias para formar a nossa equipa.

U @ O - Quais são as vossas prioridades?
L F -
Avaliar o foro pedagógico das medidas que vão entrar em vigor nos próximos tempos e equacionar novas medidas para com as políticas educativa, cultural e desportiva.

Urbi @ Orbi - Quais foram os totais da votação?
Luís Franco -
Houve uma votação total de 570 votos. Dos quais cerca de cem foram em branco.

U @ O - Eram os números esperados?
L F -
O número total ficou algo abaixo do que pretendíamos, mas em função do pouco tempo que tivemos para preparar e divulgar as eleições compreende-se. Foi importante que houvesse pessoas a votar e a participar, ainda que sejam poucos em quase cinco mil alunos.

U @ O - A diferença entre a votação para as duas listas candidatas à Assembleia Geral foi significativa?
L F -
Não, a lista A recebeu cerca de 215 votos e a D 265 votos.

 




"Novas ideias e muito trabalho"

U @ O - Ser lista única é pejorativo para o vosso trabalho?
L F -
É e não é, a ideia de surgir outra lista podia gerar uma certa divisão das pessoas dispostas a envolverem-se e a trabalhar, sendo que afastaria quem perdesse. Mas também, se fosse uma equipa capaz era interessante. Como lista única é de esperar que todos os que queiram colaborar o possam fazer.

U @ O - Há muitos núcleos que vão ter novas direcções ou têm há pouco tempo, isso é mau para o vosso trabalho?
L F -
Pelo contrário, novas direcções geralmente representam novas ideias e muito trabalho. A ideia é reunir e definir estratégias de colaboração com os núcleos, até porque nessas direcções também já existem pessoas que têm conhecimentos anteriores para partilhar.

U @ O - Neste momento a maioria das pessoas estão distantes da Associação e dos núcleos?
L F -
Existe um trabalho que está a ser desenvolvido para reaproximar os alunos por parte dos núcleos. Vai ter de se encontrar alguma solução que pode passar até pelo planeamento de uma empresa de recursos humanos. A "voz" da AAUBI tem de ser mais veiculada nos meios de comunicação internos e externos à instituição. Só assim, poderemos fazermo-nos ouvir para reivindicar os nossos direitos.


"Temos que mobilizar e sensibilizar as pessoas para a luta"

"É bom lembrar que actualmente cerca de 80 por cento dos alunos da UBI são deslocados"

U @ O - O financiamento é o maior problema?
L F -
O problema é que há poucas actividades que vivem dentro das suas possibilidades e não têm retorno. Existe um plano de actividades, um conjunto de subsídios a atribuir, um delegado responsável logo é necessário conseguir que todos trabalhem. Não desejamos acabar com secções ou reduzir subsídios, o que se pretende é que se cumpra o que está orçamentado.

U @ O - Mas há iniciativas que nos actuais moldes nunca poderão ser lucrativas, essas são para terminar?
L F -
A ideia é de que quem as organiza terá de saber gerir os seus ganhos para poder suportar as perdas. O que não pode acontecer é ser a academia a assumir gastos incomportáveis.

U @ O - Com as alterações previstas à lei de financiamento os alunos dizem ser prejudicados. O que vai ser feito?
L F -
Todos os alunos no próximo ano vão ter de pagar os novos valores da propina. E o reitor da UBI já fez saber que irá aplicar a propina máxima, pois não tem outra alternativa. Com a aprovação desta lei, a maioria dos alunos terá de recorrer a bolsas-empréstimo o que fará que muitos dos alunos optem por ingressar em universidades mais próximas do seu local de residência, mesmo que sejam privadas. É bom lembrar que actualmente cerca de 80 por cento dos alunos da UBI são deslocados.

U @ O - Como é possível combater a aprovação da lei?
L F -
Já foi feita uma greve, mas a adesão foi mínima. Temos que mobilizar e sensibilizar as pessoas para a luta, que é de todos. A ideia de que há falta de informação não é suficiente para que a maioria se alheie à defesa dos seus direitos que simultaneamente também são deveres. Nesta luta também os funcionários e docentes têm de participar porque menos alunos na universidade significa também menos postos de trabalho. A própria cidade da Covilhã, que actualmente tem nos estudantes uma importante fonte de receita acabará por sair prejudicada.


Da capital para o Interior


Luís Franco tem 21 anos e nasceu em Lisboa, cidade onde viveu até escolher a Universidade da Beira Interior para estudar. Frequenta o 2º ano do curso de Ciências da Comunicação. Afirma que já conhecia a cidade e a própria UBI pelo facto do seu irmão já frequentar este estabelecimento de ensino. Esse foi aliás um dos factores que contribuiu para a decisão de estudar na Covilhã "num curso que até já conhecia minimamente", refere.
Franco foi presidente do UBImedia - Núcleo de Estudantes de Ciências da Comunicação até ser eleito presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior no passado dia 11 de Junho. Foi o único candidato ao cargo. Agora pretende fazer tudo o que estiver ao seu alcance para "despertar a academia que parece adormecida". Luís Franco considera "fundamental" que os alunos se sintam representados.