Por enquanto, os automóveis continuam sem passar na Rua Direita
Reabertura da Rua Direita
Comércio poderá ter horário alargado

Principal via de acesso ao centro da cidade reaberta, mas sem a circulação de automóveis. Comerciantes vão agora debater este aspecto bem como o possível alargamento do horário das suas lojas.


Por Catarina Rodrigues


A Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP) vai lançar no próximo mês de Setembro o Plano Promocional do Centro Cívico da Covilhã. A revelação foi feita por João Carvalho, presidente da associação no passado sábado, por ocasião da reabertura da Rua Comendador Campos Melo, mais conhecida por Rua Direita. "Trata-se de um projecto de âmbito global que tem como objectivo melhorar o comércio tradicional", explica o responsável.
O plano que se prolongará até ao final de 2004, terá um custo de 500 mil euros, dos quais 325 mil são a fundo perdido. O restante será financiado pela Câmara da Covilhã e também pelos comerciantes.
O presidente da AECBP acredita que "há todo um conjunto de circunstâncias que devem ser alteradas". João Carvalho defende o funcionamento do comércio até às 22 horas e a realização de espectáculos de rua e iniciativas apropriadas a cada época do ano. "Durante o Verão tem que ser dada uma animação constante ao centro da cidade", sublinha. Pelo que ouviu por parte dos comerciantes o presidente da associação acredita que "o projecto tem pés para andar".
Manuel Augusto Dinis é um dos comerciantes mais antigos da Rua Direita e é dos poucos que desde há quatro anos, mantém os seus estabelecimentos de mobiliário, decoração e roupa, abertos ao público todos os sábados à tarde. Considera que "este horário é vital para o comércio".
António Jesus é o proprietário de uma livraria na Rua Direita. Lembra os vários inconvenientes que teve de enfrentar enquanto as obras decorreram. O pó e a confusão afastaram os clientes, mas agora mostra-se satisfeito com o trabalho final. "A rua está bonita e muito melhor do que antes", salienta acrescentando que " é preciso que os clientes venham apreciar as novas potencialidades que esta rua oferece". Quanto ao alargamento do horário de funcionamento das lojas António Jesus está disposto a negociar desde que "haja benefícios para comerciantes e clientes". O responsável sublinha no entanto que "esta tem que ser uma decisão tomada por todo o conjunto de comerciantes".



Estética discutida

Teotónio Pereira foi o responsável pela remodelação da via

Um dos temas em destaque na reabertura da principal via de acesso ao centro da cidade foi a sua estética. Teotónio Pereira, arquitecto responsável pela elaboração do projecto explica que "na altura em que este foi feito ainda não se sabia se a passagem de automóveis se iria manter ou não". Por isso mesmo o pavimento está nivelado, há uma faixa de rodagem delineada e foram colocados uns pilaretes que resguardam os passeios. Teotónio Pereira explica que existem vários modelos de pilaretes que podiam ter sido utilizados. Mas foram escolhidos estes pelo facto de os passeios serem estreitos dando assim mais espaço aos peões ao mesmo tempo que é impedido o estacionamento. Os pilaretes que agora se encontram na Rua Direita foram desenhados pelo arquitecto Graciano Costa para o arranjo da Praça da Figueira em Lisboa e fornecidos por uma fábrica de Aveiro especializada em mobiliário urbano.
Apesar da reabertura oficial da rua, Teotónio Pereira diz que as obras ainda não estão acabadas. Existe um prédio antigo que está a invadir a via e o projecto prevê a sua demolição e a construção de um novo sem invadir o passeio, criando o alargamento da rua para permitir a existência de uma esplanada.
Para Carlos Pinto, presidente da Câmara da Covilhã "a zona histórica não pode deixar de ser renovada e embelezada". O autarca adianta que obras como as que se verificaram na Rua Direita vão continuar. No princípio de Outubro vão ter início os trabalhos em todas as ruas situadas à volta da igreja de Santa Maria. "Um incómodo que será bom para a cidade", adianta Pinto referindo que "esta linha de intervenção pretende marcar a renovação de toda a área central".
As obras realizadas na Rua Direita correspondem a um investimento de 500 mil euros. Para além do nível estético foram feitas intervenções ao nível da rede de água, esgotos, gás e redes de telecomunicações.
No passado sábado foi assinalada oficialmente a sua reabertura por enquanto ainda sem automóveis. As cerimónias culminaram com uma passagem de modelos em plena via, a cargo do UBIfashion - Núcleo de Estudantes de Design Têxtil e do Vestuário da Universidade da Beira Interior.