No Beco do Meio, uma casa abandonada ameaça ruir a qualquer momento
Falta de segurança
Edifício em ruína ameaça moradores do Beco do Meio

Os moradores do Beco do Meio, na freguesia da Conceição, queixam-se do perigo iminente que enfrentam, por causa de uma casa devoluta, situada no local. Atribuem responsabilidades à Câmara da Covilhã, por não ter dado qualquer resposta às várias solicitações feitas, inclusive a um abaixo-assinado subscrito por todos os residentes.


Carlos Borges
NC / Urbi et Orbi


Apesar das várias tentativas junto da Câmara Municipal da Covilhã, no sentido de encontrarem uma solução para um prédio em ruina no Beco do Meio, na freguesia da Conceição, os residentes reclamam da falta de segurança que representa o edifício.
"Isto representa um perigo iminente para a segurança das pessoas. O que dissemos à Câmara foi que: ou demolem o edifício ou então façam obras de recuperação, para que possamos ficar mais descansados", afirma Maria da Graça Martins, 72 anos. A moradora diz que a situação é insustentável e considera que cabe às autoridades camarárias velar pela segurança dos imóveis. Os moradores endereçaram ao presidente da edilidade covilhanense um abaixo-assinado, no qual reclamam contra a insegurança e relatam toda a situação inerente ao "avançado estado de degradação em que se encontra o imóvel". Recentemente caiu uma parte da varanda cujos escombros ainda se encontram no meio da via principal por onde passam os residentes e "só não fez vítimas por mero acaso", diz Ana Martins, 63 anos. "A situação piora a cada dia que passa. Apesar das várias comunicações endereçadas à Câmara, até agora não temos qualquer resposta", reclama a residente que diz ter recorrido a intervenção das autoridades policiais por considerar que o perigo é um problema de segurança pública. "Tive que chamar a Polícia para colocar uma fita, como forma de precaução dos residentes", refere Ana Martins, acrescentando que os agentes lhe garantiram que iam tomar conta da ocorrência e que depois o assunto seria encaminhado para as autoridades camarárias.
Para esta proprietária de uma casa contígua à da que está em ruína, além do risco que isto representa para a tranquilidade das pessoas, trata-se de uma ameaça à saúde pública. Os ratos, excrementos dos animais, seringas deixadas pelos toxicodependentes que anteriormente utilizavam o prédio devoluto para o consumo de drogas são alguns elementos apontados pelos moradores, como prejudiciais para saúde dos residentes e para aqueles que por lá passem. Neste sentido, Ana Martins alerta uma vez mais a Câmara para esta situação e pede ao presidente a "demolição imediata do imóvel e mais consideração pelas pessoas idosas que ali moram".
"A situação é preocupante no Inverno, com a época da chuva em que a permeabilidade da parede é maior. Se a Câmara não resolver este assunto, a gente tem medo de aqui viver", confessa Regina Trindade, que diz estar solidária com as preocupações dos moradores.
"O edifício que se encontra abandonado há mais de 20 anos, não tem qualquer registo predial junto das Finanças. Pensa-se que pertence a Carminda Fonseca, residente em Lisboa e herdeira do imóvel, afirma Maria Carolo moradora no Beco do Meio.
A Câmara Municipal da Covilhã, num Auto de Vistoria, reconhece que "o edifício em ruína iminente constitui um perigo para a via pública" e que "parte da cobertura já ruiu". Recomenda ainda, a Carminda Rodrigues, proprietária do prédio, "a demolição total do edifício, e remoção do entulho e vazadouro, bem como a impermeabilização das paredes meeiras". Realizada a vistoria, a comissão concluiu " haver possibilidade de realização das obras sem grande prejuízo para os ocupantes do prédio confinante, propriedade da requerente". A Comissão recomenda ainda a notificação do proprietário do edifício para proceder aos trabalhos acima indicados, no prazo de 30 dias, cuja estimativa para a sua realização é de três mil 725 euros.
João Esgalhado, vereador da área de urbanismo, reconhece o facto, mas diz: "A Câmara não tem uma varinha de condão. A responsabilidade é de uma situação que vem desde há muito". O responsável garante que está em curso uma negociação com os proprietários e que já há uma deliberação da Câmara, no sentido de elaborar um processo de compra do imóvel. "Neste momento, aguarda-se que a escritura fique pronta para que a obra seja adjudicada", afirma. O vereador confirma ainda a edificação nesse local de um novo prédio e assegura que " as condições de segurança do imóvel são satisfatórias pelo que não constitui perigo para a segurança dos residentes e não há motivos para alarmismo".