João Alves
NC / Urbi et Orbi


O sector imobiliário está a ressentir-se da crise

A crise económica que afectou o País, este ano, também chegou às imobiliárias do distrito. Reunidas no passado mês de Julho em Castelo Branco, as 20 mediadoras dos distritos de Portalegre e Castelo Branco que fazem parte da Associação das Mediadoras Imobiliárias de Portugal (AMIP) (que reíne cerca de mil associados no País), revelaram estarem preocupadas com a estagnação generalizada de transações no sector. Segundo o presidente da AMIP, Manuel Negrão, "as mediadoras desta região destacaram a estagnação generalizada das transações e, em particular, a quebra acentuada no mercado da segunda habitação, que anteriormente representava um segmento muito forte, designadamente ao nível das quintas e pequenas propriedades".
Recorde-se que, segundo um levantamento feito pelo NC em Novembro de 2002, na cidade da Covilhã, as imobiliárias queixavam-se de quebras nas vendas na ordem dos 80 por cento. Uma das causas apontadas pelos empresários do sector para esta baixa, era o fim do crédito bonificado, que limitou sobretudo famílias com menos posses na sua intenção de adquirir casa. As imobiliárias afirmavam que apenas apareciam a comprar pessoas com muito dinheiro. Quanto aos jovens, "não aparecem". Uma das soluções apontadas passavam pela isenção de Sisa.
Nos dois distritos, segundo a AMIP, existem 49 mediadoras imobiliárias licenciadas a exercer actividade. Porém, também existem muitas outras sem essa licença. Um assunto que está a preocupar os operadores do sector, que se queixam de "concorrência desleal" por parte de agentes não legalizados. Durante a reunião a AMIP apresentou, no entanto, as acções que estão a ser desenvolvidas no sentido de reforçar as acções de fiscalização às empresas clandestinas, que passam por contribuir para o ajustamento dos prazos de preenchimento dos requisitos de acesso e manutenção da actividade e pela revisão do Decreto-Lei que rege a mediação imobiliária, "adaptando-a à actual realidade do sector".

Licenças de construção continuam em alta na Cova da Beira

Apesar da crise nas vendas, a verdade é que na Cova da Beira e Serra da Estrela o número de obras licenciadas (construções novas, ampliações, reconstruções ou demolições de edifícios) continua em alta, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta entidade aponta para que, em Junho deste ano, o número de obras licenciadas pelas autarquias, a nível nacional, tenha tido uma quebra na ordem dos 3,2 por cento. Porém, a Região Centro apresentou uma variação positiva de 0,6 por cento.
No período de Julho de 2002 até Junho de 2003, 76 por cento das obras licenciadas no País corresponderam a construções novas, 84,5 por cento das mesmas destinadas a habitação. Apesar da variação média relativa a construções destinadas a habitação ter sofrido, em Portugal, uma quebra de nove por cento, a verdade é que por NUTSIII, as regiões da Cova da Beira e Serra da Estrela apresentaram os valores mais elevados, com 29, 3 e 38,3 por cento, respectivamente.
Recorde-se que já em Março deste ano o INE apontava para elevada dinâmica de potencial de cosntrução de casas na região, com os valores mais elevados a pertencerem à Serra da Estrela (60,6 por cento) e Cova da Beira (53,2) por cento. Se compararmos os dados, apesar de no País estas serem as regiões mais dinâmicas, pode verificar-se que aqui também houve uma quebra nos últimos meses.