Procuram-se causas
Fogos podem estar na origem da morte de peixes no Zêzere

Segundo a Quercus, os elevados índices de poluição e baixo nível das águas podem estar na origem da morte de peixes no rio Zêzere, na passada semana. Mas também os fogos podem ter alterado a qualidade da água e os ecossistemas existentes.

João Alves com Andreia Reis
NC / Urbi et Orbi


As dezenas de peixes que apareceram mortos no rio Zêzere, na zona da Barroca Grande, concelho do Fundão, na passada semana, podem estar ligadas e ter sido originadas pelos vários incêndios florestais que se fizeram sentir na Beira Interior, e em concreto, no concelho fundanense. É esta, pelo menos, uma das hipóteses avançada pela Quercus da Cova da Beira.
Segundo Telma Madaleno, responsável da Quercus, não é de excluir a hipótese do solo ardido "ser directamente responsável pela alteração de parâmetros da qualidade da água. Podem surgir sólidos suspensos, a água pode ficar turva e o seu PH pode ser alterado" explica a técnica.
Recorde-se que na segunda-feira, 18, o alerta foi dado pelo presidente da Junta da Barroca, António Ferreira. Havia dezenas de peixes mortos no rio Zêzere, sobretudo barbos e bogas, e o autarca, bem como a população, atribuíam a sua morte à poluíção do rio. "Este é um problema que se repete todos os anos" explica o autarca. E adiantava que com a diminuição do caudal do rio, a concentração de matérias poluentes aumentava, sendo possível ver manchas ao longo do rio. António Ferreira dizia não ter a certeza da fonte poluente, mas sempre invocava o facto de por ali estarem perto as Minas da Panasqueira e algumas fábricas de lanifícios. O autarca dizia já ter alertado várias vezes algumas entidades para o estado em que o rio se encontra e, apesar de estar projectada e em concurso público a construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para a freguesia, isso "não vai resolver o problema da poluíção a montante".
Entretanto, na quinta-feira, 21, tecnicos da Direcção Regional do Ambiente do Centro (DRAOT), recolheram algumas amostras do leito do rio, que serão analisadas em Coimbra. Mas, até ao momento, ainda não há conclusões.

Limites de poluição "ultrapassados"

Segundo a Quercus, apesar de as causas para esta mortandade ainda não estarem apuradas, de acordo com as análises a que a instituição tem tido acesso, é possível verificar que "os limites de poluição permitidos por lei estão a ser ultrapassados" explica Telma Madaleno. A técnica explica que com a baixa do caudal e aumento de esgotos, a vida se torna mais crítica para as espécies aquáticas, que ficam com pouca capacidade para "respirar". Na Barroca, afirma Madaleno, "não é de excluir a possível existência de algum poluente lançado por alguma indústria local".