Céu Lourenço
NC / Urbi et Orbi


Construído em finais do séc. XIX, o edifício que alberga o Conservatório de Castelo Branco está em péssimas condições

O Conservatório Regional de Castelo Branco, que no próximo ano completa 30 anos de existência, está a atravessar momentos difíceis, não só a nível financeiro, mas também relativamente às suas instalações. O edifícionecessita de obras de reparação, pois foi construído no ano de 1882.
Cristina Lima, directora pedagógica do Conservatório confessa que, face ao actual estado do prédio, "temos apanhado alguns sustos, dado que para além de infiltrações de água, existe a hipótese de derrocada em alguns sítios. Julgo mesmo que tem havido alguma sorte de não ter acontecido nada de grave", sublinha. No entanto, não tem dúvidas de que se não houver uma intervenção urgente, "a segurança começa a estar periclitante".
Pese embora algumas obras que têm sido feitas, impostas pelo Ministério da Educação, no que respeita ao equipamento de segurança das escolas, a responsável pela "velha" Casa da Música revela que "o engenheiro que aqui se tem deslocado para as vistorias vai-nos dizendo que estamos instalados num barril de pólvora". Perante esta situação, acrescenta que "vivemos há muito tempo com o coração na boca". Cristina Lima teme mesmo "um incêndio dada a antiguidade do edifício, o que seria uma verdadeira catástrofe, não só pela perda irreparável para a cidade, mas também por se tratar de uma casa onde se respira a música por todos os lados".
A directora elogia, no entanto, o papel preponderante que a Câmara Municipal de Castelo Branco tem tido em algumas obras de reparação que "tem remediado alguns problemas que vão surgindo, como reparação de janelas, renovação de alcatifas, a colocação de um elevador, instalação de detecção de incêndios, para além de um subsídio mensal para despesas de funcionamento".

Projecto em risco

Como se não bastasse toda esta situação, as dificuldades financeiras com que o Conservatório actualmente se debate são outras das preocupações.
Perante as dificuldades de tesouraria, Cristina Lima admite estar em risco o projecto "Crescer Com a Música", criado há dez anos e que envolve cerca de duas mil crianças das escolas do 1º Ciclo do concelho. "Trata-se de um projecto financiado em 50 por cento pela Câmara e uma percentagem idêntica pelo Minstério da Educação. Se a autarquia tem cumprido integralmente, o mesmo já não acontece por parte do respectivo Ministério, dado que estamos desde Janeiro sem receber o dinheiro", assegura.
José Nunes, gestor do Conservatório lamenta a situação. "Temos professores com vínculo laboral e que estão ligados ao "Crescer Com a Música", cujos encargos temos obviamente de satisfazer", salienta o gestor.
Por outro lado, o Festival Internacional Primavera Musical, que tem vindo a decorrer de há alguns anos a esta parte, está também em risco de no próximo ano não se realizar, como garante José Nunes: "Não darei mais o meu aval a um novo festival sem a garantia absoluta de que vamos ter dinheiro para cobrir as despesas, já que este ano o prejuízo foi de dez mil euros e o Conservatório não se pode dar ao luxo de ter esta despesa".
Para o presente ano lectivo estão matriculados 180 alunos, contando o Conservatório com 25 professores.