|  Já disponível na próxima PrimaveraJudeus fazem Vinho "Kosher" na Adega da Covilhã
 
 A partir de Abril, todos os portugueses já 
                        podem beber um vinho produzido em Portugal, mas feito por judeus. Trata-se do 
                        vinho "Kosher", produzido sob um processo específico com determinadas 
                        características, feito pela primeira vez no País.
 
 
 
                         
                          |   | Andreia ReisNC / Urbi et Orbi
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                          |  |   "Este projecto é quase como um bébé, que se vê, 
                        que saiu dentro da barriga da mãe e que depois efectivamente vai ter a 
                        fase de nascimento, que nós esperamos que seja quando for engarrafado e 
                        comercializado". A metáfora é de Pedro Gouveia, gestor da Adega 
                        Cooperativa da Covilhã (ACC), acerca do projecto do vinho "Kosher". 
                        Pensado já há cerca de dois anos e meio e nunca antes realizado 
                        por "questões de ordem logística" e por ser "um processo 
                        complicado", só agora é que este projecto reuniu todas as condições 
                        para andar para a frente.
 Trata-se da produção de um vinho judeu, feito única e exclusivamente 
                        por judeus na Adega e com a uva da região. "É todo um processo 
                        muito particular", revela o responsável da ACC. Isto porque, "a 
                        partir do momento que a uva se transforma em vinho, não pode haver contacto 
                        nem com máquinas nem com o vinho de algum elemento que não seja 
                        da Comunidade Judaica", refere. "É um vinho feito por eles. Nós 
                        só dizemos a quantidade que deve ter, mas quem adiciona e mexe são 
                        só os judeus", acrescenta. Para além disto, tem que haver ainda 
                        uma fiscalização dos produtos e das cubas. Também a higiene, 
                        as condições necessárias para realizar um projecto desta 
                        invergadura, a qualidade de massas e dos vinhos e o empenho da direcção, 
                        segundo Gouveia, "foram das coisas que mais agradou os judeus na Adega".
 Inédito e pioneiro em Portugal, o projecto está virado para o exterior. 
                        O vinho está a ser feito para a comunidade judaica dos Estados Unidos da 
                        América (EUA), França e Portugal. "Tudo se iniciou com uma 
                        visita de um responsável e de um dos servidores de vinhos "Kosher" 
                        nos EUA", afirma. Porém, a Adega pretende é que o vinho também 
                        seja comercializado no País porque "aqui também há comunidade 
                        judaica e quando querem consumir os seus vinhos, têm que ir buscá-los 
                        a Madrid", declara. Com judeus espalhados por toda a Europa e por todo o 
                        Mundo e com um potencial muito grande, "a estratégia da Adega é 
                        partir com toda a força e o mais brevemente possível para o mercado 
                        de exportação", confessa Gouveia.
 "Qualquer pessoa pode beber"
 Apesar deste vinho ser dirigido à Comunidade Judaica, "qualquer pessoa 
                        o pode beber", anuncia o gestor. No entanto, "os judeus é que 
                        só podem beber vinho "Kosher", assegura. "O processo de 
                        fabrico do vinho é muito similar ao nosso. A única diferença 
                        é que há exigências em termos de produto, como por exemplo, 
                        não ser adicionados produtos de animais, e de produção", 
                        continua.
 De acordo com responsável da Adega, "é um vinho perfeitamente 
                        normal e com características próprias da nossa região". 
                        Quanto a prazos, o vinho deverá estar pronto a ser consumido em meados 
                        de Abril do próximo ano. "Se o vinho não tiver nenhum problema, 
                        estará pronto e com qualidade para ser engarrafado antes da Páscoa" 
                        afirma Gouveia.
 Apesar de este ser "o ano da experiência", como o próprio 
                        responsável indica, o vinho já tinha quem o quisesse comprar. "Se 
                        hoje a Adega quisesse vender o vinho todo, já o tinha todo vendido", 
                        assegura. E promete que, "se este ano correr bem, é um projecto a 
                        agarrar com muita força. Para o ano distribuir-se-á a uma população 
                        maior".
 No que diz respeito a preços, Pedro Gouveia, não quis adiantar grande 
                        coisa. Contudo salienta: "Queremos que o vinho apareça nos respectivos 
                        países a um preço competitivo permitindo encaixar a Adega a um valor 
                        que seja razoável". Para já, os judeus estão na Adega 
                        a fazer o seu vinho desde quarta-feira passada". Agora vem cá o Rabino 
                        fazer os tratamentos, a montagem do vinho e vai continuar aqui cerca de dois a 
                        três meses", afirma Gouveia.
 "O projecto está a andar bem e queremos um mercado amplo, já 
                        que Portugal tem uma vitória de uma excelência de vinhos a nível 
                        mundial", enfatiza Elisha Salas, o Rabino da comunidade judaica de Belmonte, 
                        que está na Adega a supervisionar o vinho. "Se o projecto tiver uma 
                        boa comercialização, vai alongar-se para o ano e eu estarei cá 
                        novamente", promete Salas. Até porque o Rabino não quer ficar 
                        por aqui. "Consoante o resultado que obtenhamos, vamos aumentar a produção 
                        e vamos fabricar outro tipo de produto", como por exemplo, "vinho branco, 
                        sumo de uva", reitera. Isto, feito só por judeus.
 
 
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