Gouveia acolhe Encontros de Literatura
Vergílio Ferreira em reflexão

A obra de Vergílio Ferreira vai ser mais uma vez discutida em Gouveia. O colóquio é organizado pelo Departamento de Letras da Universidade da Beira Interior.

Por Daniel Sousa e Silva


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Nos dias 29 e 30 de Outubro, vão decorrer os "Encontros de Gouveia com Vergílio Ferreira". A organização do colóquio está a cargo do Departamento de Letras da Universidade da Beira Interior (UBI).
Durante dois dias, o Cine Teatro local é o palco de um encontro de perspectivas para aprofundar o conhecimento e a reflexão sobre um dos mais enigmáticos escritores portugueses contemporâneos.
O objectivo futuro é tentar transformar Gouveia no epicentro dos estudos vergilianos, numa parceria lançada no final da década de 90 entre a Câmara Municipal de Gouveia e a UBI.
O ciclo de conferências é o segundo capítulo de um seminário realizado também em Gouveia em Novembro de 2001.
O ponto de partida é a região serrana, com Alípio de Melo a retratar, no primeiro dia, a "Sala de Vergílio Ferreira em Gouveia". Uma alegoria bucólica que contrasta com "As visões apocalípticas na ficção vergiliana", apresentadas por Anabela Morais. Duas reflexões moderadas por Henrique Manso e Noemi Pérez. Durante a tarde, Luís Mourão vai revelar outro capítulo, preocupando-se com o "Vergílio anacoluto: life after theory", enquanto Cláudia Tomás se vai debruçar sobre "A busca da palavra nalguns romances de Vergílio Ferreira".
O primeiro dia dos "Encontros" fica completo com a conferência de Sara Candeias sobre "A(s) configuração(ões) semântico-temporal (ais) potenciada(s) pelo PRET nas falas das personagens vergilinianas: um universo de ocorrências?". Uma intervenção seguida da análise de Paulo Osório e Mário Jorge Torres ao livro "Manhã Submersa" e ao filme homónimo de Lauro António, para deslindar "a leitura e a pragmática do Reitor e a ironia cinematográfica da autorepresentação". Um segundo painel moderado por Reina Pereira, antes de um pequeno recital intitulado "Cantares", por Leonor Romanceiro.
O segundo dia abre pela mão de Fernanda Irene da Fonseca, Ana Turíbio, a propósito do "Labirinto da palavra" que é o espólio do escritor; Ana Chora, que vai definir uma "Paleta de cromática de Vergílio Ferreira"; e Rogélia Proença , que vai ter a tarefa de estabelecer uma relação entre o olhar e o espaço em "Uma Esplanada sobre o Mar - Vergílio Ferreira, ou a Re-presentação da Vida".
À tarde, Helder Godinho apresenta "alguns problemas" na relação entre o escritor e a questão da identidade, cabendo a um dos maiores estudiosos da obra vergiliana o encerramento das conferências. Trata-se de Gavílanes Laso, que vai falar da sua "Correspondência Epistolar" com o autor de "Aparição". Os "Encontros" vão terminar com um recital de oboé e piano, dois dos instrumentos mais referenciados na obra de Vergílio Ferreira, por Jean Michel Garretti (oboé) e Lucas Antoniotti (piano), que interpretarão obras de Teleman. Saint-Saens, Benjamin Britten, Tessarini, Schubert e Carl Ivon.
Ao mesmo tempo, os interessados vão poder apreciar a exposição "Sobre o Silêncio da Terra" no Museu Abel Manta, entre 25 e 30 de Outubro