Fundão
Munícipio recorda vida e obra de Fernando Almeida

A autarquia fundanense homenageou o falecido médico, arqueólogo, historiador e catedrático com a organização de um conjunto de iniciativas que assinalaram o centenário do seu nascimento.

Ana Ribeiro Rodrigues
NC / Urbi et Orbi


"Tinha um pensamento inter-disciplinar e em todas as noções de cultura se diria que foi um homem culto". Foi desta forma que o ministro da cultura, Pedro Roseta, descreveu D. Fernando de Almeida no encerramento das comemorações do centenário do seu nascimento, na passada sexta-feira no Alcaide, localidade a que o homenageado tinha uma forte ligação, onde residiu e onde está sepultado.
O município do Fundão prestou homenagem ao médico, historiador e arqueólogo, falecido em 1979, com um conjunto de iniciativas.
No programa constaram a inauguração da Rua D.Fernando de Almeida, no Fundão, de onde o homenageado era natural, o descerramento de uma placa no Hospital do Fundão alusiva à sua actividade enquanto médico, a projecção de um filme sobre a sua vida e obra e a inauguração de um monumento escultórico no Alcaide.
As comemorações contemplaram ainda um ciclo de conferências com painéis sobre diferentes temáticas, onde participaram antigos alunos, colegas, admiradores e vários académicos não só de universidades portuguesas como também espanholas. Outra das iniciativas foi o lançamento do livro "De Trebaruna a Vitória: Ensaios de História, Arqueologia e Património", uma colectânea de textos de D.Fernando de Almeida editada por iniciativa da autarquia fundanense. A escolha do nome do livro deveu-se à admiração que D. Fernando tinha pela deusa lusitana Trebaruna, de quem falava muito nos seus escritos.
Para o presidente da Câmara Municipal do Fundão, Manuel Frexes, a homenagem justifica-se e ficaria sempre aquém, se tivermos em conta a obra de Fernando de Almeida. "Foi um homem notabilíssimo em diversos domínios. Hoje em dia é difícil encontrar alguém que tenha a diversidade de conhecimentos e envolvência em tantas matérias. Quer como médico, arqueólogo, historiador, quer como benfeitor e benemérito foi de facto um homem notável", sublinha.
Segundo o autarca "foi dado um contributo imenso para que a nossa terra fique mais rica e para que os nossos jovens se sintam mais orgulhosos daquilo que foram os nossos antepassados e daquilo que foi a obra de homens de cultura e de ciência que nasceram neste nosso concelho". E salienta a proximidade de Fernando de Almeida com o vencedor do prémio nóbel Egas Moniz, a quem ajudou a elaborar a tese com que viria a ganhar o mais distinto galardão. Manuel Frexes acrescenta ainda que a presença do ministro, que se deslocou propositadamente para o encerramento do dia de homenagem a D. Fernando de Almeida, é a personificação do reconhecimento do Governo a esta figura.
Pedro Roseta diz que o homenageado, pessoa que conheceu e por quem sente gratidão, "ajudou a fortalecer a cultura no sentido do elo entre o passado, presente e futuro". O ministro da cultura frisou que "ele assumiu essa responsabilidade e nós devemos também fazê-lo pelo que nos foi legado, uma mensagem histórica, estética, cultural e, acima de tudo, de responsabilidade". E considera que à medida das nossas possibilidades temos que contribuir para a difusão da nossa cultura".
Um dos netos de Fernando de Almeida, também presente, disse que a família ficou sensibilizada com este gesto. "Ninguém tem muito a ganhar em termos mediáticos ou imediatos, o que quer dizer que de facto se está a homenagear os valores que o meu avô representava", observa.
José Cruz, presidente da Junta de Freguesia do Alcaide, conta que assim que a câmara falou nisso se quiseram desde logo associar, por entender que estão a cumprir um dever e por considerar que a homenagem foi uma iniciativa com importância não só para a freguesia como para o país.