| "Apesar da SIDA ser 
                      uma doença de alto risco, à qual toda a gente 
                      está sujeita, a situação, no distrito, 
                      tem-se mantido estacionária e controlada. No entanto, 
                      estamos sempre atentos ao que possa acontecer até 
                      porque, em Portugal, o problema já é preocupante". 
                      As palavras são ditas por Francisco Sousa Baptista, 
                      presidente da Comissão Distrital de Luta Contra a 
                      SIDA (C.D.L.C.S.) de Castelo Branco e da Sub-Região 
                      de Saúde, no âmbito do Dia Internacional de 
                      Luta Contra a SIDA, que se celebrou no passado dia 1. O distrito de Castelo Branco não foge à regra 
                      no que toca a pessoas infectadas com o vírus da SIDA. 
                      Desde 1981, ano em que se fala numa falha no sistema imunitário, 
                      a doença tem-se propagado cada vez mais, aumentando 
                      o número de casos.
 Na região, e no total, são 106 os indivíduos 
                      infectados, 58 dos quais já contraíram a doença, 
                      30 são portadores assintomáticos (PA) - pessoas 
                      que que têm o vírus no sangue, mas que ainda 
                      não têm sintomas expressos - e 18 são 
                      indivíduos com complexos relacionados com SIDA (CRS).
 Números já preocupantes, mas que, relativamente 
                      ao ano passado, aumentou, em média, cerca de uma 
                      pessoa em alguns casos. Desta forma, o total de infectados 
                      no distrito em 2002, eram 105 pessoas, em que 56 tinham 
                      SIDA, 31 eram PA e 18 tinham CRS. Uma diferença que, 
                      tal como o presidente anuncia, "não é 
                      substancial em relação às estatísticas 
                      dos anos anteriores". Estes são dados oficiais 
                      que foram avançados ao NC pela Comissão Distrital 
                      de Luta Contra a SIDA e pela Sub-Região de Saúde 
                      de Castelo Branco com fonte no Centro de Vigilância 
                      Epidemológica de Doenças Transmissíveis 
                      (CVEDT).
 Nesta linha de dados, a fonte que mostra que, nos casos 
                      com residência no distrito, segundo o grupo etário 
                      e o tipo de notificação, o mais alarmante 
                      encontra-se na faixa etária dos 25 aos 29 anos. Num 
                      total de 27 pessoas, quatro têm CRS, oito são 
                      PA e 15 têm contraída a doença. Já 
                      segundo o grupo de risco, a maior preocupação 
                      recai para os toxicodependentes, em que, num total de 51 
                      casos registados, nove têm CRS, 20 são PA e 
                      22 têm SIDA. Mas o grupo a que pertencem os hetererossexuais 
                      também é de ter em conta. É que das 
                      43 pessoas infectadas, sete têm CRS, nove são 
                      PA e 27 têm já contraída a doença.
 Segundo o sexo e o estado vital, no distrito, num total 
                      de 106 pessoas, morreram já oito mulheres e 36 homens. 
                      Nos casos de SIDA segundo o grupo etário e o sexo, 
                      o mais forte situa-se nas faixa dos 25 aos 29 anos, em que, 
                      num total de 15, quatro mulheres e 11 homens têm a 
                      doença. Sendo que, residem no distrito quatro mulheres 
                      e 16 homens com sida, num universo de 58. Os restantes já 
                      faleceram.
 Heterossexuais: o grupo mais atingido
 Francisco Baptista revela que, no âmbito global, 
                        o grupo mais afectado, no distrito situa-se "entre 
                        os 25 e os 34 anos" e que, ao contrário do 
                        que muito boa gente pensa, "são os heterossexuais 
                        os mais atingidos". Facto que tem a sua razão 
                        de ser. Na realidade, os indívíduos que 
                        gostam do sexo oposto ainda permanecem naquela ideia de 
                        que "a SIDA só acontece aos outros e aos homosexuais 
                        ou toxicodependentes". Infelizmente, não é 
                        o caso e a prova disso está à vista, tal 
                        como dá a conhecer o representante da Comissão. 
                        "Actualmente, tanto os homo e bissexuais, como os 
                        toxicodependentes, estão mais prevenidos, bem como 
                        mais informados, precisamente por terem consciência 
                        de que são um alvo forte e susceptível à 
                        doença". O que implica, de muitas formas, 
                        "mais cuidado e atenção por parte deste 
                        grupo de pessoas".
 No entender do responsável, uma das vias de acesso 
                        para sensibilizar a população para este 
                        flagelo, é haver "uma sensibilização 
                        quer, ao nível da saúde com médicos 
                        e enfermeiros, mas também ao nível da formação 
                        da própria comunidade". Para além das 
                        escolas que "são o local privilegiado para 
                        abordar esta questão de uma forma pedagógica, 
                        para que em idades ainda precoces, se possa prevenir condutas 
                        incorrectas", admite.
 Para efectivar, então, estes conselhos, a C.D.L.C.S 
                        dá o exemplo no que toca ao trabalho no campo da 
                        promoção e da prevenção. Campos 
                        estes que, para o responsável, devem necessariamente 
                        passar pelas "áreas educativas, nas quais 
                        temas ligados à sexualidade, devem ser tratados 
                        dentro dos currículos".
 Conselhos e atendimentos a toxicodependentes
 A Comissão trabalha ainda no terreno com duas estruturas 
                        que respondem ao aconselhamento e atendimento. Trata-se 
                        do Centro de Atendimento e Diagnóstico (CAD), onde, 
                        como confirma Sousa Baptista, "qualquer pessoa pode 
                        fazer um teste de forma confidencial e gratuita, no qual 
                        não se utiliza nomes, mas códigos de barras" 
                        e do Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT), 
                        que serve também para "controlo da seropositividade 
                        e respectivos tratamentos, também de forma gratuita", 
                        declara. E continua: "Estes são dois espaços 
                        onde os toxicodependentes podem ter apoio, acompanhamento 
                        e tratamento".
 No que toca a preconceitos, na opinião do presidente, 
                        não existem. "O problema reside no facto das 
                        pessoas não terem consciência que a SIDA 
                        é uma doença perigosa e que se alastra a 
                        qualquer um de nós", relembra. Até 
                        porque, tal como o representante evidencia, "as pessoas 
                        têm comportamentos de risco, em que a prevenção 
                        não é levada em conta" E informa que 
                        "é necessário sempre o uso do preservativo 
                        para evitar não só a SIDA como outras doenças".
 
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