Teatro e música ao vivo
Arte e emoções numa noite mágica

A peça “Max Gericke” – Nem uma coisa nem outra, da autoria de Manfred Karger, representada pelo Teatro da Rainha, e um concerto dos Curtes Vail? fizeram parte do Festival de Teatro da Covilhã 2003.

Por Celina Gonçalves


“Ali estava ela tolhida de medo e de susto e não conseguia mexer-se mas já os pantufos de ferro tinham sido postos sobre o carvão em brasa e trazidos para dentro com umas tenazes e colocados diante dela então foi obrigada a calça-los e a dançar até cair morta por terra”.
Assim começa “Max Gericke” – Nem uma coisa nem outra, a história de Ella Gericke, uma mulher que fica viúva depois de ano e meio de casamento e que decide assumir a identidade do marido, Max, para poder sobreviver. Tudo isto acontece no contexto histórico da ascensão de Hitler. Ella vai-nos contar, ao longo da peça, não só todas as situações inimagináveis por que teve que passar, mas também a conjuntura histórica em que tudo ocorreu. Ella é, no fundo, uma personagem que vive o dilema da identidade, não sendo nem uma coisa nem outra, sendo somente aquilo que tem que ser em cada momento de modo a sobreviver.
Esta peça foi-nos apresentada, no passado dia 12 de Dezembro, sexta feira, pelo Teatro da Rainha, um grupo que “foi lançado há 25 anos nas Caldas da Rainha”, diz-nos Isabel Lopes, a intérprete deste monólogo. A determinada altura associou-se ao Centro Cultural de Évora, o agora Centro Dramático de Évora, que também participou neste Festival de Teatro, mas manteve sempre a sua independência jurídica, tendo voltado “à terra mãe há dois anos”, esclarece a actriz.
Logo após a apresentação da peça, seguiu-se um concerto instrumental com os Curtes Vail?, no espaço Café Teatro. Os Curtes Vail? são os responsáveis pela parte musical da peça "Mahagony Songspie"l, que esteve em cena até há bem pouco tempo no Teatro das Beiras.
Esta foi uma noite memorável para todos os presentes, que foram levados a sentir uma diversidade de emoções através da arte da representação e da música .