Amnesiac














Radiohead





Sony| 2002







"Amnesiac" é o triunfo sobre os olhares cépticos que se verificaram em relação a "Kid A", que baralhou quem esperava um novo "OK Computer". Tal como o álbum anterior, "Amnesiac" exige tempo de digestão, subverte a estrutura tradicional de uma canção, aumenta a estranheza que já existia na música dos Radiohead, e personaliza ainda mais o som já de si característico da banda de Oxford. É a vitória do mediato sobre o imediato.
Senão vejamos: "Packt Like Sardines in a Crushd Tin Box" é uma canção pop sob feições electrónicas, que arrasta sons de índole diversa; "Pyramid Song" e "You and Whose Army" são dois espaços de maior intimismo no álbum, cheios de alma e de momentos de grandiosidade; "I Might Be Wrong" é um poderoso tema rock, muito bem dinamizado pelo som de baixo distorcido e pelo riffs persistentes de uma das guitarras eléctricas; "Knives Out" é a canção à Radiohead (no sentido clássico do termo) de "Amnesiac", carregado dos acordes típicos de guitarra que fizeram a imagem do quinteto; a versão de "Morning Bell" que aparece neste disco é de teor mais acústico quando em comparação com a de "Kid A", não recorre à bateria, e apresenta uma estrutura mais invulgar; "Life in a Glasshouse" é um bela canção de contornos mais jazzísticos; "Dollars and Cents" é um dos temas mais estranhos deste álbum, uma encruzilhada de vocalizações de Thom Yorke, sobrepostas umas às outras, numa das faixas mais brilhantemente anti-convencionais de "Amnesiac"; "Pulk/Pull Revolving Doors", "Hunting Bears" e "Like Spinning Plates" são investidas num grau de experimentalismo ainda maior.