Andreia Reis*

Urbi como um marco de prática no curso


A primeira vez que tive conhecimento da existência da Universidade da Beira Interior foi durante o 12º ano, no livro de acesso ao Ensino Superior, quando tencionava ingressar neste novo mundo de aprendizagem. Espanto meu quando me questionei onde ficava aquela instituição e descobri que a “Covilhã” já tinha uma “Universidade”. Facto que me encandeou e que me moveu, numa receita misturada de interesse e curiosidade, a candidatar e a tentar a minha sorte no mundo académico. Hoje, depois de cinco anos, cá estou eu numa terra que, num passado “longínquo”, só conhecia por estar situada na encosta da Serra da Estrela. Licenciei-me aqui, criei amigos, cresci, aprendi, construí uma vida e fiz da cidade a minha segunda casa.
O jornalismo foi sempre a maior das minhas aspirações. Ao longo do curso de Ciências da Comunicação, fui-me apercebendo que a trajectória era a correcta e ficava cada vez mais orgulhosa por fazer parte do corpo estudantil de uma Universidade que já foi considerada a melhor em todo o País para tirar Comunicação. A TUBI, a televisão interna na qual eu participei desde o meu primeiro ano, a existência do CREA e o seu protocolo com a SIC, mostravam o marco na evolução do curso. Para além de colocar ao dispor dos alunos actividades extra-curriculares, também lhes proporcionam uma espécie de contacto com a vida real.
Precisamente no meu 2º ano, mais um enlevo vinha para estimular o meu orgulho: o jornal on-line da UBI, sim, o Urbi @ Orbi. Um nome hoje conhecido por muitos e em vários locais. Um jornal que contribui para uma melhor imagem da UBI e o qual eu vejo como um óptimo meio de comunicação entre alunos, docentes e o mundo “lá fora”. Uma difusão que informa tudo o que se passa na UBI, na Covilhã e na região.
Para além do curso tecnológico de Comunicação e Difusão que tirei no secundário e de ter escrito umas “coisitas” no “jornalinho” das escolas, foi no Urbi que verdadeiramente me afirmei como uma “jornalista”. Pouco a pouco ia criando uma relação mais afável com a componente prática, ao mesmo tempo que modelava o que era pertencer ao orbe da comunicação.
Mas apesar do orgulho que tive em tirar o curso na UBI e pensar que o caminho até ali era o correcto, apercebi-me que a parte prática podia ser ainda mais explorada. Sei que esta é uma queixa regular dos alunos e, a meu ver, com alguma lógica. A filosofia e os seus autores, o ponto de vista de Max Weber, a “Fenomenologia” de Lyotard, ou o “Utilitarismo” de John Stuart Mill a até o famoso livro “O Trabalhador” de Ernest Junger fazem parte do programa. Lembro-me de professores a alegarem que a cultura é muito importante. Plenamente de acordo. Mas depois de ter passado para o lado de cá, ou seja, de estar a trabalhar numa redacção, chego à conclusão que de “importante”, não é só, de facto, “o mais importante”.
Útil e proeminente para a vida futura de um jornalista é a prática. Um jornalista faz-se com o tempo e tenho pena que certas mentalidades impeçam uma melhor gestão e, por conseguinte, uma melhor formação aos recém-licenciados. A prova disso, são os alunos que vão estagiar para um determinado órgão de comunicação social e, quando já deveriam ter assimilado certos conhecimentos, a verdade é que isso não acontece. Uma culpa peculiar dos alunos e professores. Portanto, acho que quanto mais cedo os alunos começaram a participar no Urbi @ Orbi, na TUBI e nos meios que a UBI tem para oferecer, mais depressa tomam consciência do que é o mundo do trabalho e a vida numa redacção, numa rádio ou numa estação de televisão. E assim evita-se muitos desconhecimentos e muitas faltas de interesse e, pior, falta de formação que conduz a um mau trabalho e futuros maus profissionais. E aqui o Urbi deve ter um papel ainda mais preponderante. Aliás, o que seria do curso sem o Urbi @ Orbi...
Quando se tem ao alcance os instrumentos necessários para levar isto avante, porque não fazê-lo? Numa instituição que tem tudo para oferecer aos alunos, que não é perdulária e que, ainda por cima, não tem meios embrionários, não se justifica que os alunos de Ciências da Comunicação não saiam melhor preparados para o mundo lá fora.
O Urbi é, indubitavelmente, merecedor de todo o aplauso e o objectivo no qual ele foi construído é mensurável. Porém, vejo também como função dos professores, para além de ensinar, pôr à disposição dos alunos formas de incentivo. É certo que alguns estudantes não vivem o curso como deviam, mas vamos pensar naqueles que o fazem e que se interessam.
É de ideias inovadoras e incentiváveis que o Urbi e os professores do departamento precisam. E a prova como o conseguem é agora a impressão em papel do jornal on-line da UBI. Continuem para que os próximos ingressados no curso não se queixem da falta de prática e não fiquem atingidos pela falta de interesse.
Aos “pais” do jornal, ao jornalista e coordenador, Daniel Silva, aos que já colaboraram e aos que colaboram, o meu sincero contentamento e satisfação. Parabéns pelos quatro anos de emissões e que assim continue por muitos e muitos anos.


*Jornalista do Notícias da Covilhã