António Fidalgo

Um dia memorável


O dia 20 de Fevereiro de 2004 foi um dia memorável para a UBI, para a Covilhã e para a Beira Interior. Por três razões: Pelo início do terceiro mandato de Manuel Santos Silva como reitor da UBI, pelo anúncio da adjudicação da construção da Faculdade de Ciências da Saúde feito pela Ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, e pela assinatura do Ministro da Economia Carlos Tavares do contrato do Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã.
O início do terceiro mandato de Santos Silva à frente da UBI constitui um factor, e simultaneamente a melhor forma de demonstrá-lo, de estabilidade que se vive na UBI. Nunca será demais repeti-lo, a UBI conseguiu afirmar-se no mundo universitário dado a estabilidade da sua governação, e de se ter concentrado nas questões fundamentais, a saber, a formação intensiva do seu corpo docente, e a notável criação de infra-estruturas, edifícios, bibliotecas, laboratórios. Sem a estabilidade interna que Santos Silva tem proporcionado à UBI e que a Assembleia da Universidade entendeu manter, elegendo-o por larguíssima maioria para um terceiro mandato, os êxitos sucessivos que a UBI tem alcançado seriam impossíveis. A UBI foi a universidade que cresceu mais em percentagem no último ano, aliás, ao arrepio da diminuição geral dos candidatos ao ensino superior.
A segunda razão para que o dia 20 de Fevereiro deva ficar na memória de todos é o anúncio pela Ministra da Ciência da adjudicação da construção da Faculdade de Ciências da Saúde. Tal como a UBI fez a grande diferença nas últimas décadas na cidade da Covilhã e no Interior de Portugal, a nova Faculdade vai dar um novo e significativo impulso à modernização e profunda transformação da região. Será que a construção de um simples edifício pode constituir um factor tão importante no desenvolvimento de uma região? Por si só, olhando apenas para as infra-estruturas de betão, tal não seria possível, mas temos de olhar essa construção, de 13 ou 15 milhões de euros de uma maneira integrada com muitos outros factores, humanos, sociais, científicos, tecnológicos, económicos. Ninguém duvide que valem muito mais estes 13 milhões de euros na Faculdade de Ciências da Saúde que os 25 ou 30 milhões, ou mais que fossem, gastos na construção de um qualquer estádio de futebol. E isto economicamente falando, já para não mencionar outros factores de maior importância, como o bem estar das populações e o investimento científico e produtivo.
A construção da Faculdade das Ciências da Saúde é a prioridade número um da UBI. Claro que há outras coisas com que temos e nos devemos preocupar na UBI, mas ai de quem não sabe ver e definir muito claramente as prioridades, e acha que tudo merece a mesma atenção. Quando tudo tem a mesma importância, nada tem importância. Com a Faculdade da Saúde construída, com o seu corpo docente devidamente constituído, com a estreita cooperação entre Faculdade e hospitais da região a funcionar, teremos aqui uma excelente estrutura auto-sustentada de crescimento e de desenvolvimento.
Refira-se ainda neste ponto o extraordinário papel que o reitor Santos Silva tem tido na criação das condições que possibilitaram que a Sra. Ministra fizesse o anúncio no dia 20. O anúncio só pôde ser feito, porque os terrenos para construção estão lá, e alguém tratou de os adquirir, porque houve um projecto aprovado, porque houve um concurso, etc., etc. As decisões desta envergadura não surgem do ar, antes têm de ter as condições necessárias e suficientes previamente preenchidas para poderem tomar corpo e forma. Se essas condições não estivessem devidamente criadas, e esse é o mérito de Santos Silva, correríamos o risco do voluntarismo político vazio que se fica nos anúncios, e de que a saga de Foz Côa é um triste exemplo.
A terceira razão da memorabilidade do dia 20 de Fevereiro de 2004 é o compromisso governamental, assumido por documento escrito, com o Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã. Os casos da Califórnia e da Finlândia, referidos por Manuel Castells em conferência no dia 13 de Fevereiro na Fundação Calouste Gulbenkian mostram como o desenvolvimento tecnológico se consegue com a íntima cooperação entre universidades e empresas, cooperação essa levada a cabo em parques de ciência e de tecnologia.
A UBI e a Covilhã estão no bom caminho para criarem e desenvolverem um pólo científico e tecnológico de qualidade no Interior. Os alicerces estão lançados, é verdade, mas agora é preciso que a determinação não esmoreça, que se continue a trabalhar com a mesma constância e persistência de até aqui. É que, e termino, a memorabilidade do 20 de Fevereiro também depende muito do que soubermos fazer de ora em diante com o que nesse dia se decidiu.