António Fidalgo

Saber aprender


Têm tido lugar na UBI jornadas de estudo organizadas pelos núcleos de estudantes dos diferentes cursos de licenciatura, jornadas de que o Urbi tem dado notícia. São eventos de extrema importância na formação dos alunos e cabe aqui louvar essas iniciativas.
Um aluno do ensino primário ou do secundário precisa de ser motivado pelo professor para o estudo, mas um aluno do ensino superior, em particular do universitário, tem de trazer ele próprio essa motivação. A grande diferença reside precisamente na autonomia do estudante universitário. É a ele que cabe preocupar-se com o estudo, colocar prioridades, tomar a iniciativa.
A primeira das liberdades do estudante universitário deve ser a escolha da escola que deseja frequentar. A mobilidade dos estudantes é um bem precioso que já nos vem da Idade Média quando os estudantes corriam as diferentes universidades à procura dos melhores mestres. Uma vez escolhidos a escola e o curso, o estudante não pode limitar-se a somar cadeiras, numa corrida até as completar todas. A universidade é muito, muito mais que um somatório de disciplinas. Passa também, e fundamentalmente, por uma aprendizagem própria, por uma aquisição de conhecimentos complementar, e até paralela, que o forme cultural e cientificamente.
É verdade que o associativismo estudantil atravessa uma crise gravíssima nas universidades portuguesas, que não é benéfico para ninguém, nem mesmo para os docentes que, presumidamente, podem assim sofrer menor contestação. Quanto maior for a actividade autónoma dos estudantes tanto maior é a vitalidade de uma universidade. Vida é movimento, diziam os escolásticos, e se é verdade que para haver um clima de estudo é necessário paz e tranquilidade institucionais, não menos verdade é que essa tranquilidade não pode ser mortiça, mas uma tranquilidade de azáfama, de actividade viva.
Ainda bem que os estudantes organizam eventos, jornadas, encontros, no âmbito das ciências que estudam. Não é só o que directamente aí aprendem, mas também o que na organização desses eventos lhes é dado ficar a saber, que conta. O saber que se busca tem um outro valor, porque ganha raizes muito mais profundas, que o saber que apenas se recebe sem mais numa aula, e que muitas vezes, qual leve verniz, não dura mais que a frequência seguinte.