José Geraldes

Terrorismo do séc. XXI


Os autores deste massacre de inocentes sabem o que querem. Têm um objectivo bem definido. O que lhes interessa é desestabilizar os países democráticos.

1. Dois anos e meio depois do ataque às Torres Gémeas, em Nova Yorque, o terrorismo mata, de novo, de forma hedionda. Massacra crianças, jovens adultos e idosos. Desta vez em Madrid. Depois do 11 de Setembro, o 11 de Março. Duas datas negras do século XXI.
O atentado terrorista de Madrid, para além de ter atingido em cheio a Espanha, foi um acto bárbaro contra toda a Humanidade. Contra os valores do Ocidente, da tolerância, da liberdade e da democracia.
Não sejamos ingénuos. Os autores deste massacre de inocentes sabem o que querem. Têm um objectivo bem definido. O que lhes interessa é desestabilizar os países democráticos e criar um clima de medo. Para que o Ocidente se vergue ao seu domínio despótico. Pôr o mundo debaixo da sua tirania. Por isso, não olha a meios.
A barbárie perpetrada pela Al-Quaeda não faz passar a esponja sobre os actos levados a cabo pela ETA como já se insinuou por aí.
A Al-Quaeda, como a ETA, são semelhantes na forma de matar. Jon Juaristi que foi militante da ETA na sua juventude, num texto escrito no dia seguinte ao atentado de Madrid, escreve com clarividência : “ETA e terrorismo islâmico são já indistinguíveis nas suas formas de actuação. A matança recíproca e indiscriminada de cidadãos: é este o grau zero do terrorismo dos nossos dias. Esqueça-se o século XX. Estamos em guerra. É uma guerra mundial entre a democracia e os seus inimigos (é preciso enumerá-los ?) chamam-se fundamentalismo islâmico, nacionalismo ético, neoestalinismo e neofascismo e nova judeofobia”.
A Espanha já habituada ao terrorismo etarra levantou-se com coragem e com dignidade. A solidariedade e a resposta ao medo dos madrilenos é uma lição a aprender. Por todos que estão acomodados em vidas de mediocridade.

2. Os últimos resultados da União Europeia sobre a educação em Portugal são de arrepiar. Não que sejam novos. Mas a sua continuidade coloca-nos cada vez mais na cauda da Europa e mesmo atrás dos novos países que vão integrar a União Europeia a partir de Maio. E com a agravante de sermos o País que mais gasta em educação.
Os resultados são maus, quer sob o ponto de vista da qualidade quer da quantidade. A taxa de abandono escolar é 2,3 vezes mais alta em Portugal do que a média europeia. A formação ao longo da vida atinge números mais assustadores. 50 por cento dos portugueses dizem não querer aprender mais nada ao longo da vida.
O ensino básico e secundário continuam em estado catastrófico. No entanto, temos o melhor “ratio” professor/número de alunos.
Como é possível que 80 por cento dos nossos empresários tenham no máximo o 9º ano de escolaridade ? E que 60 por cento da população adulta, apenas, seis anos de escolaridade ? E que 200 mil jovens estejam no mercado de trabalho sem terem concluído a escolaridade obrigatória ?
E que o ensino profissional não dê os resultados esperados ?
Há qualquer coisa de surrealista no nosso ensino e nas políticas adoptadas.
Não deixa de ser irónico que foi a “Estratégia de Lisboa” em 2000 a definir os objectivos para eliminar todo este conjunto de deficiências. Afinal, que se fez ?
A Comissão Europeia exige uma “intervenção urgente”. Que não deve tardar sob pena de nos afastarmos cada vez mais da Europa .