America’s Sweetheart





Courtney Love






Virgin | 200
4








Por Alexandre S. Silva

Courtney Love é daquelas pessoas que dá mesmo gosto detestar. É presunçosa, arrogante e egoísta. É mais conhecida pela sua ligação marital a Kurt Cobain e pela sua propensão para o escândalo, do que propriamente pelo seu contributo para a música. E, no entanto, considera-se uma dádiva de Deus ao rock. Chega a ser tão irritante que dá vontade de a ver numa sequela de “Pesadelo em Elm Street” ou “Sexta-Feira 13” a ser esquartejada pelas próteses digitais de Freddy Kruger ou pelo facalhão de Jason Voorhees ao som de qualquer uma das faixas que compõem o seu mais recente trabalho.
Aliás, a anterior referência aos filmes de terror classe B, aplica-se que nem uma luva, a “America’s Sweetheart”: é obscuro, cru, mal produzido, previsível e com interpretações a roçar o medíocre (e isto são as coisas boas). Mesmo quando tem contribuições de intérpretes consagrados como Bernie Taupin. Mas, tal como aquelas películas, não deixa de ser… empolgante e, de certa forma, divertido. Aliás, quando Love canta em “Mono”, a faixa de abertura, “Oh God You own me one more song/ So I can prove to You / That I’m so much better than him” (sendo “him” o falecido Kurt Cobain), não se pode, a seguir à inicial indignação, conter a gargalhada.
Ainda assim, e apesar do pretensiosismo, há que elogiar aquela atitude punk-rock do “estou-me nas tintas p’ró que toda a gente pensa”, e alguns momentos, raros, que apesar de não muito originais, acabam por deixar uma sensação agradável.