Céu Lourenço
NC / Urbi et Orbi


Para Valter Lemos, O Interior está triste

Podemos cada vez ter mais orgulho nesta cidade que vai renascendo serena mas vigorosamente dos seus mais de duzentos anos", afirma Valter Lemos, presidente da Assembleia Municipal de Castelo Branco, durante as comemorações dos 233 anos da cidade.
No entanto, e apesar destas palavras positivas, o homem que "conduz o leme" da Assembleia Municipal, reconhece que "vivemos um tempo triste e cinzento.
Os portugueses vivem entristecidos e nós no Interior, temos duplas razões".
Bastante contundente, Valter Lemos aponta o dedo à lei que rege as Comunidades Urbanas que "pretende descarecterizar a história do País e a identidade das comunidades, provocando a desarticulação e o caos na administração". E vai mais longe, defendendo que "os autores e os defensores desta lei deverão ser acusados de uma grave lesão histórica ao Estado português".
Ana Leitão, representante da CDU, lembra que "fazer cidade não pode ser entendido como um exclusivo de quem exerce o poder, elabora os planos ou andar a reboque do investimento privado. A elaboração dos instrumentos de ordenamento não se pode limitar a um jogo formal de cumprimento de procedimentos legais, ainda assim nem sempre seguidos. Arrepiar caminho é olhar para a requalificação do Centro Histórico e a revisão do PDM como factores de motivação crítica para discutir a cidade, o concelho, a sua evolução".
A propósito das obras em curso um pouco por toda a cidade, Rui Santos, do PSD, mantém a esperança de que "com estas remodelações a cidade venha a ser cada vez mais atraente, virada para o desenvolvimento, pronta a dar resposta à implementação de novas indústrias da terceira geração. Deve, no entanto, ser sempre tida em conta a história da cidade, bem como as suas características e aspectos culturais", lembrando que "apesar de algumas divergências que nos possam separar, estou certo que todos queremos o melhor para a nossa cidade e, assim, não podemos esquecer aquilo que irá ser o futuro da descentralização, e, na minha opinião, mais vale ser o mais pequeno dos
maiores do que o maior dos mais pequenos". O social-democrata apela ainda para "a necessidade de se captarem novas empresas para a Zona Industrial, assim como a importância de novas reivindicações, como a instalação da Polícia Judiciária e a construção da Barragem do Alvito".

"Basta de encerramentos de serviços"

João Carlos Marcelo, do Partido Socialista questiona o Governo sobre as promessas que fez para a cidade albicastrense, como "o IC31, o IC8, as escolas do Ensino Superior, a discriminação no IRC e no IRS, a reflorestação no concelho, o emprego, a CAE, a direcção comercial dos CTT, as estações dos correios nas freguesias, a delegação da RTP e tantas outras", para logo a seguir perguntar com alguma dose de ironia: "Será que o Terreiro do Paço só se lembra desta cidade, nos anúncios anuais para a venda do campo do Montalvão?"
Celeste Capelo, do CDS/PP, lembra que "esta é uma cidade acolhedora, linda, porque nela habitam a trabalham pessoas que projectam um futuro capaz de a imortalizar, além de contarmos com aqueles que vivendo longe de nós, nos dão o seu feed-back através dos orgãos locais de comunicação social". Bem ao seu timbre de "albicastrense de raiz", concluiu "estamos já na recta final do programa Polis. É certo que algumas dificuldades tem criado, mas também é certa a forma ordeira como os problemas têm sido postos e a boa receptividade por parte daqueles que se esforçam por os resolver o mais
rapidamente possível".
A concluir a sessão solene evocativa de mais um aniversário da cidade albicastrense, o presidente da Câmara Municipal, Joaquim Morão, salienta a concretização, no próximo ano, de três obras importantes para a cidade: a intervenção do Polis no Centro Cívico; o complexo de piscinas da cidade; e a avenida entre a rotunda da Europa e Vale do Romeiro". Bastante empolgado, o veterano autarca, deixa um recado ao Governo: "Basta no encerramento de serviços, como por exemplo, a Inspecção-Geral das Actividades Económicas".