Para os leigos na matéria,
o conjunto de equações povoadas de incógnitas
e fracções representa um emaranhado de cálculos
indecifráveis. Para os engenheiros aeronáuticos,
tais cálculos são a base de um bom e seguro
aparelho. Numa explanação universal e concisa,
as teorias apresentadas na UBI definem a linha que separa
um avião perigoso de um aparelho seguro.
Marek Kchanowski e Darek Mikielewicz, professores da Gdansk
University of Tecnology, na Polónia, foram os conferencistas
convidados para falar aos alunos de Aeronáutica
da UBI. As teorias apresentadas por estes investigadores
são referentes ao desenho de aparelhos aeronáuticos.
Para os professores polacos, a segurança dos aviões
reside, em percentagem elevada, na sua concepção
"arquitectónica". A forma como estas
máquinas voadoras são desenhadas e projectadas
para rasgar os céus interfere na sua capacidade
de voar em segurança.
Num dos anfiteatros do pólo 8 da UBI, os docentes
polacos tornaram públicos os seus mais recentes
estudos sobre este assunto. Três dezenas de alunos
ouviram, durante dois dias, as novas teorias de quem projecta
e constrói aviões. Um dos primeiros pontos
a ser abordado foi a interferência dos ventos laterais
nos aparelhos aeronáuticos. Este facto é
muitas vezes descurado ou tido como menos importante quando
se projecta um avião. Um dos problemas na futura
máquina, com erros de concepção,
é a falta de segurança e estabilidade em
voo. Temáticas que estão agora a ser recuperadas,
na sua importância, por vários docentes ligados
à ciência dos aviões.
Uma nova forma de transmitir conhecimentos esteve no fundamento
da realização destas palestras. As temáticas
abordadas começam agora a estar mais em voga no
ensino da engenharia aeronáutica e os conhecimentos
e experiências destes dois investigadores representam
um contributo nessa matéria. De salientar ainda
a explicação sobre as metodologias utilizadas
no estudo dos aparelhos. No entender dos polacos, especialistas
em aviões, "não faz sentido conceber
e lançar para os céus um aparelho sem ouvir
a opinião daqueles que o vão pilotar".
Toda a investigação e desenvolvimento de
novos aparelhos passa, "não só pela
sua concepção teórica, mas também
pelas opiniões e comportamentos que os pilotos
nos vão transmitindo", aponta Marek Kchanowski.
A aplicação deste método nem sempre
é tida em linha de conta. Muitos dos aparelhos
são concebidos para voar a velocidades e altitudes
maiores, utilizando os cálculos científicos,
mas descurando a opinião dos pilotos. A segurança
dos passageiros e a solidez do equipamento são,
"em certa forma" descuradas.
Ciência e não só
Para além da análise sobre a concepção
dos diferentes aparelhos aeronáuticos, os professores
polacos trouxeram também para os alunos participantes
nas palestras um pouco de história. Nas apresentações
realizadas na Covilhã, os docentes começaram
por inserir o tema científico que estavam para
abordar, através da história do seu país
e da sua universidade.
As imagens apresentadas no início das palestras
remontam ao aparecimento dos primeiros aviões.
Logo seguidas de imagens datadas da Primeira Guerra Mundial.
Esta introdução serviu para avivar a importância
que a Polónia tem tido ao longo dos tempos na área
da aeronáutica. Foram muitos os aparelhos concebidos
por pessoas daquela nacionalidade. A importância
de alguns aparelhos e as inovações conseguidas
em solo polaco tornaram os investigadores daquelas paragens
dos mais reputados do mundo.
Outra das datas importantes assinalada pelos docentes
foi a da Segunda Guerra Mundial. Aquele território
foi o mais destruído durante todo o conflito. A
ligação com este capítulo mais triste
da história polaca deve-se à universidade
onde leccionam os dois docentes. A Gdansk University of
Technology representa um dos edifícios restaurados
depois do Holocausto. Aqui se concentra actualmente grande
parte do conhecimento aeronáutico do país.
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