O Governo aproveitou
as jornadas ambientais promovidas pelo Presidente da República
para anunciar, na segunda-feira, 12, a aprovação
das candidaturas do Parque Natural do Tejo Internacional
(PNTI) e dos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova
ao Programa Operacional do Ambiente. Três protocolos
no valor de cinco milhões de euros, segundo adiantou
o ministro das Cidades e do Ambiente, Amílcar Theias,
que anunciou a decisão numa sessão de apresentação
do PNTI na aldeia do Rosmaninhal, no âmbito das
Jornadas do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
que Jorge Sampaio retomou no concelho de Castelo Branco.
Os apoios aos dois municípios e ao Parque destinam-se
a intervenções em 86 quilómetros
de caminhos rodoviários e a acções
específicas de conservação da Natureza,
criação de uma base de dados e incentivos
à manutenção da actividade agrícola.
Jorge Sampaio, que acabara de visitar o PNTI, congratulou-se
com a aprovação das candidaturas, embora
notando a coincidência do anúncio com o início
das jornadas do ambiente: "Não posso dar a
volta a Portugal sempre a 200 quilómetros à
hora, dia e noite, porque tenho a impressão que,
se desse, as candidaturas iam sendo aprovadas com mais
velocidade", ironizou.
A visita teve início logo pela manhã, com
a deslocação da comitiva presidencial ao
posto de observação das aves dos Alares
(Rosmaninhal) para contactar com ambientalistas da Quercus
que ali trabalham e inteirar-se dos problemas de um Parque
com 25 mil hectares, que conta apenas com dois “vigilantes
da natureza”. Situação que o Presidente
da República não deixaria passar em claro,
advertindo para a necessidade de contratar mais profissionais
para vigiar aquela área protegida. Até porque,
explica, “as pessoas que aqui trabalham precisam
de um estímulo, seja com mais recursos humanos,
seja com infra-estruturas de apoio que tardam em aparecer”.
A necessidade de um Plano de Ordenamento para o PNTI foi
outra das preocupações manifestadas pelos
ambientalistas da Quercus e pela própria directora
do Parque, Sofia Castel Branco, que o chefe de Estado
subscreveu. Recorde-se que o PNTI foi constituído
há quase quatro anos e o Plano de Ordenamento tinha
um prazo de três ano para ser apresentado. No entanto,
só em Março último, o Conselho de
Ministros ordenou a sua elaboração. O prazo
previsto é 30 de Setembro, mas os responsáveis
do Parque vão avisando que muito dificilmente será
cumprido. Na melhor das hipóteses, adianta a directora
em declarações ao Público, “estará
elaborado um pré-plano de ordenamento”.
“Portugal é viável”
Jorge Sampaio insistiu na necessidade de um maior envolvimento
das populações na conservação
da Natureza, sobretudo para garantir o desenvolvimento
económico e evitar aquilo que considerou acontecer
diversas vezes em Portugal, "o deixar delapidar património
a uma velocidade assinalável".
"Não venho aqui para passear, venho aqui para
dizer que o país é viável, desde
que a gente não bata com a cabeça na parede",
acentuou o Presidente da República, apelando a
uma reflexão sobre o tipo de agricultura, de floresta
ou de turismo que se pretende em Portugal. Sampaio lembra
que "o país não é todo agrícola"
e, por isso, é preciso uma adaptação
às novas realidades, tendo presente que a Política
Agrícola Comum é um dado adquirido e terá
reflexos sobre as culturas tradicionais. "Não
podemos dar cabo do nosso património. Temos de
fazer disto (da consciencialização para
a necessidade da preservação ambiental)
uma questão de civilização",
salienta.
A urgência na correcção das disparidades
entre o Litoral e o Interior do País foi outro
dos problemas focados pelo Presidente, para quem há
ainda "um longo caminho a percorrer" para que
as diferenças sejam atenuadas. O Chefe de Estado
acredita, porém, que, “com a ajuda das autarquias”,
o futuro pode ser risonho para as populações
do Interior. O que é preciso, alerta, “é
que as pessoas se saibam adaptar às novas realidades
e que os agentes de desenvolvimento local não se
dispersem por actividades que não vão ter
futuro”.
*com LUSA
|