Alexandre S. Silva*
NC / Urbi et Orbi


O presidente da República, Jorge Sampaio, diz que são necessários mais vigilantes no Parque Natural do Tejo Intrnacional

O Governo aproveitou as jornadas ambientais promovidas pelo Presidente da República para anunciar, na segunda-feira, 12, a aprovação das candidaturas do Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI) e dos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova ao Programa Operacional do Ambiente. Três protocolos no valor de cinco milhões de euros, segundo adiantou o ministro das Cidades e do Ambiente, Amílcar Theias, que anunciou a decisão numa sessão de apresentação do PNTI na aldeia do Rosmaninhal, no âmbito das Jornadas do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que Jorge Sampaio retomou no concelho de Castelo Branco.
Os apoios aos dois municípios e ao Parque destinam-se a intervenções em 86 quilómetros de caminhos rodoviários e a acções específicas de conservação da Natureza, criação de uma base de dados e incentivos à manutenção da actividade agrícola. Jorge Sampaio, que acabara de visitar o PNTI, congratulou-se com a aprovação das candidaturas, embora notando a coincidência do anúncio com o início das jornadas do ambiente: "Não posso dar a volta a Portugal sempre a 200 quilómetros à hora, dia e noite, porque tenho a impressão que, se desse, as candidaturas iam sendo aprovadas com mais velocidade", ironizou.
A visita teve início logo pela manhã, com a deslocação da comitiva presidencial ao posto de observação das aves dos Alares (Rosmaninhal) para contactar com ambientalistas da Quercus que ali trabalham e inteirar-se dos problemas de um Parque com 25 mil hectares, que conta apenas com dois “vigilantes da natureza”. Situação que o Presidente da República não deixaria passar em claro, advertindo para a necessidade de contratar mais profissionais para vigiar aquela área protegida. Até porque, explica, “as pessoas que aqui trabalham precisam de um estímulo, seja com mais recursos humanos, seja com infra-estruturas de apoio que tardam em aparecer”.
A necessidade de um Plano de Ordenamento para o PNTI foi outra das preocupações manifestadas pelos ambientalistas da Quercus e pela própria directora do Parque, Sofia Castel Branco, que o chefe de Estado subscreveu. Recorde-se que o PNTI foi constituído há quase quatro anos e o Plano de Ordenamento tinha um prazo de três ano para ser apresentado. No entanto, só em Março último, o Conselho de Ministros ordenou a sua elaboração. O prazo previsto é 30 de Setembro, mas os responsáveis do Parque vão avisando que muito dificilmente será cumprido. Na melhor das hipóteses, adianta a directora em declarações ao Público, “estará elaborado um pré-plano de ordenamento”.

“Portugal é viável”

Jorge Sampaio insistiu na necessidade de um maior envolvimento das populações na conservação da Natureza, sobretudo para garantir o desenvolvimento económico e evitar aquilo que considerou acontecer diversas vezes em Portugal, "o deixar delapidar património a uma velocidade assinalável".
"Não venho aqui para passear, venho aqui para dizer que o país é viável, desde que a gente não bata com a cabeça na parede", acentuou o Presidente da República, apelando a uma reflexão sobre o tipo de agricultura, de floresta ou de turismo que se pretende em Portugal. Sampaio lembra que "o país não é todo agrícola" e, por isso, é preciso uma adaptação às novas realidades, tendo presente que a Política Agrícola Comum é um dado adquirido e terá reflexos sobre as culturas tradicionais. "Não podemos dar cabo do nosso património. Temos de fazer disto (da consciencialização para a necessidade da preservação ambiental) uma questão de civilização", salienta.
A urgência na correcção das disparidades entre o Litoral e o Interior do País foi outro dos problemas focados pelo Presidente, para quem há ainda "um longo caminho a percorrer" para que as diferenças sejam atenuadas. O Chefe de Estado acredita, porém, que, “com a ajuda das autarquias”, o futuro pode ser risonho para as populações do Interior. O que é preciso, alerta, “é que as pessoas se saibam adaptar às novas realidades e que os agentes de desenvolvimento local não se dispersem por actividades que não vão ter futuro”.
*com LUSA