Por Ivone Ferreira
Polémico pelas acusações de anti-semitismo,
A Paixão de Cristo pauta por ser uma descrição
realista da época que recebe o Filho de Deus. Diferente
dos filmes amarelecidos pelo tempo que as televisões
mostram na quadra pascoal, o mais recente filme de Mel
Gibson mostra-nos um Jesus Cristo humanizado, recebido
numa sociedade dividida entre um poderio religioso - o
judaico, da sinagoga, e um político - o de Roma,
que tenta a todo o custo manter as multidões controladas.
É dentro deste contexto que o realizador, fiel
à narrativa Bíblica, mostra as últimas
doze horas de vida de Jesus Cristo, culminando na morte
e ressurreição deste. Para além do
amor de Jesus Cristo, toca-nos a dor de Maria, uma mãe
que assiste à morte do filho, Maria Madalena, a
quem Jesus livrara de apedrejamento, o remorso de Pedro,
a desgraça de Judas, a procura pela verdade por
Pôncio Pilatos, a loucura de Herodes, a maldade
de Satanás e a ida, para o calvário, de
um cordeiro, sem se defender. “Ele tomou sobre si
as nossa dores e as nossas enfermidades”, assim
começa o filme.