Daniel
Sousa e Silva

Efemérides

A vida é feita de efemérides. Momentos que têm um significado especial e que perduram na memória. Tanto melhor se são por motivos felizes.
Neste último fim-de-semana, com a cerimónia da bênção das pastas, muitos alunos da UBI disseram o seu “adeus oficial” à vida académica. Para uma boa parte deles, é o fim de uma era e o vislumbrar de uma próxima. O final das licenciaturas está à porta e a procura do que querem fazer profissionalmente começa realmente. Depois de passarem a quase totalidade da sua vida em aprendizagem, chegou a altura de se aventurarem no mercado de trabalho.
Fala agora a voz da minha pouca experiência de vida, mas o que consigo constatar é que a simples conclusão da licenciatura a, x ou y não é suficiente para se determinar onde é que cada um irá laborar. O primeiro contacto com o “trabalho de sonho” não é sempre o esperado, levando, frequentemente, a mudanças de rumo. Uma outra condicionante que tem de ser levada em conta é o problema das pouquíssimas oportunidades de emprego (ou talvez seja melhor dizer trabalho) para quadros superiores, o que conduz a pegar em oportunidades de emprego de “menos valor”.
Um estudo recente diz que, em Portugal, os licenciados ganham até mais 80 por cento do que as pessoas habilitadas com o ensino secundário. Não sei se é assim. Mas sei naquilo que os licenciados são mais ricos: em conhecimento. Nos anos que passaram na universidade puderam tomar contacto com o mais avançado na área de saber escolhida, e isso fica. Pode ser que, no futuro, reste apenas uma memória adormecida nos seus subconscientes, mas o conhecimento está lá, não desaparece.
Para um outro grupo de pessoas, o passado sábado significou uma efeméride diferente. Foi altura de regressar à Covilhã para vir buscar o diploma de licenciatura. Um ano passou desde que deixaram a UBI e era a hora de vir buscar o “canudo”. Cerca de centena e meia respondeu ao apelo, os restantes não. Tentar perceber as razões de uns e outros parece-me incipiente, mas não consigo deixar de pensar no significado do dito “canudo”. Um papel que certifica o nível de conhecimentos de alguém. Compreende-se que seja necessário na nossa sociedade burocratizada, mas não deixa de ser curioso que algo de significado tão metafísico como o conhecimento possa ser rotulado e inventariado...