Fundão
Bombeiros com falta de meios para combater incêndios

No 77º aniversário da corporação fundanense, o comandante diz que a mesma não está preparada para enfrentar novamente uma eventual vaga de incêndios. António Antunes fala na necessidade de um pronto socorro urbano, um auto-tanque todo-o-terreno e da criação dos Grupos de Intervenção Permanente.

Ana Ribeiro Rodrigues
NC / Urbi et Orbi


No dia em que os Bombeiros Voluntários do Fundão assinalaram 77 anos, no domingo, 23, a corporação recebeu 11 viaturas para transporte de doentes. Mas as carências no parque automóvel para combate aos incêndios continuam, este ano com menos veículos para fazer frente às chamas. Uma situação que leva o comandante, António Antunes, a dizer que é um facto que não estão preparados para fazer frente a uma eventual calamidade como a que aconteceu no ano passado.
Algumas viaturas tiveram que ser encostadas por desgaste, no último Verão, e este ano estão a funcionar menos quatro viaturas, já que os unimogs cedidos pelo exército não estão autorizados a circular e o Serviço Nacional de Bombeiros, segundo António Antunes, não pagou a reparação de um carro que gripou. "O ano passado foi muito violento. É mais um ano e os carros de combate estão mais deteriorados. Por isso no aspecto do combate vamos estar pior que no ano passado", frisa o comandante.
No transporte de doentes, onde fazem cerca de 40 serviços por dia, estão servidos. As maiores necessidades são uma viatura de combate a fogos urbanos e um auto-tanque todo-o-terreno. Mas a prioridade é para o pronto socorro urbano, que o anterior presidente do SNB reconheceu ser necessário, "até por causa do Túnel da Gardunha", e terá prometido para este ano. Mas neste momento, com a mudança de direcção, não têm qualquer informação sobre o assunto.
O comandante salienta também a urgência em criar os Grupos de Intervenção Permanente (GIP). Embora a corporação conte com 220 elementos distribuídos pelas três secções destacadas realça que "há alturas em que nem todos são suficientes". E fala na dificuldade que há para que os patrões libertem os funcionários bombeiros na hora de serviço. Enquanto não se criarem os GPI´s o distrito não vai ter hipóteses de resolver o problema da resposta imediata assim que acontece o acidente.

Miguel Campos critica Governo

Durante as comemorações Miguel Campos, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros do Fundão, foi bastante crítico em relação ao Governo, a quem acusa de adoptar uma política de desincentivo ao voluntariado. E falou em lacunas no financiamento para reforço dos meios técnicos e nos problemas de reconhecimento da classe.
Miguel Campos diz que a apresentação do dispositivo de combate a incêndios para este ano apresentado pelo Governo em Proença-a-Nova não o impressionou e salienta que esse aparato é uma forma de "antecipar os culpados do costume, caso as coisas corram mal", uma vez que vão argumentar que os meios já cá estão. O presidente da Associação Humanitária considera também um erro o Estado continuar a promover outras formas de substituir o voluntariado, como acontece com os sapadores. O facto de as viaturas de combate a incêndios serem financiadas "apenas" a 80 por cento merece também a indignação de Miguel Campos, que lamenta que os bombeiros ainda tenham que pagar em 20 por cento os instrumentos de trabalho.


 


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