António Fidalgo

Factores múltiplos

O sucesso da UBI não é independente da cidade e da região. Quanto mais prosperidade houver à sua volta mais fácil será para a UBI atrair discentes e docentes e seleccionar os melhores. Ora neste momento há um conjunto significativo de investimentos na cidade que indirectamente favorecem a UBI.
A urbanização em curso da cidade, que aliás vem de há seis anos com a conversão das vias de acesso à cidade em avenidas, e que neste momento se concentra na realização do Programa Polis, com a recuperação das ribeiras e com a criação de parques e jardins públicos, é um factor muito positivo para a UBI. Há aqui uma reciprocidade essencial. A UBI, cujos edifícios na sua quase totalidade são fábricas recuperadas, deu um contributo fundamental, talvez único a nível nacional, para a requalificação da Covilhã que nos anos oitenta viu as suas fábricas converterem-se em ruínas. Neste momento a cidade retribui requalificando as zonas envolventes desses edifícios. Em particular a intervenção na Ribeira da Goldra, com a despoluição das águas e com a criação do Parque da Cidade ali nas margens da ribeira, a feitura do Rossio do Rato, tornam o Pólo 1 da UBI um verdadeiro campus universitário.
Também o forte investimento nas zonas comerciais da cidade, com o Grupo Sonae a ampliar o actual Modelo para um centro comercial de cerca de 100 lojas, em que se incluem várias salas de cinema, a remodelação do antigo Supermercado Monteverde numa superfície comercial do Grupo Jerónimo Martins, constitui um importante factor de desenvolvimento da Covilhã, e indirectamente da UBI. Haverá mais concorrência e o comércio induzido dinamizará a economia da região.
Refira-se ainda a construção do Clínica da Hemodiálise entre o Intermarché e o Hospital, mesmo do outro lado da avenida onde se situará a entrada da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI. Aqui temos outra vez a iniciativa privada a aproveitar os investimentos públicos, desta vez na área da saúde, e a potenciar esses investimentos. A verdade é que investimento atrai investimento, riqueza atrai riqueza, tal como desinvestimento provoca desinvestimento. A economia funciona em espiral de um sentido e só o inverte quando bate ou no ponto superior ou inferior. Ora é patente que a economia da região se encontra numa espiral de investimento.
A reforçar a leitura que aqui se faz dos vários investimentos em curso na Covilhã está a construção do Parkurbis. Não é certamente demais sublinhar a importância que um parque de ciência e tecnologia tem para a região e para a cidade, e em particular para a UBI. Estamos em presença de uma iniciativa que reconfigura de alguma maneira o modelo de desenvolvimento e de actividade económica que se pretende. Mais do que fazer mais do mesmo, o que também é importante desde que esse fazer incorpore um contínuo reinvestimento e reforço, trata-se agora de apostar na inovação empresarial e associar a universidade às empresas da região e ao capital de risco. Com efeito, os parques de ciência e tecnologia constituem o modelo que melhor resultados tem dado na indispensável osmose entre universidade e economia real.
Há ainda dois investimentos cruciais para a Covilhã e que serão de grande importância para a UBI, mas que ainda não foram iniciados. Refiro-me ao Centro de Artes e à estrada de acesso directo à Serra de Estrela, e que será simultaneamente a radial da cidade pela encosta da montanha. A cidade precisa urgentemente de um Centro de Congressos com um auditório principal de 600 pessoas e com outros auditórios menores para participar numa actividade económica florescente que é a organização de congressos e eventos de carácter similar. Com a capacidade hoteleira já instalada na região falta apenas esse Centro para que a Covilhã se torne uma cidade de turismo de serviços, para além do turismo de montanha. A radial pela montanha à cidade é importante porque dará uma nova vida à ligação da cidade à Serra, dinamizará zonas históricas e periféricas da própria cidade ao melhorar substancialmente os acessos, e fará uma ligação muito melhor e mais rápida entre os pólos da universidade, o da Goldra e o da Carpinteira.
Fala-se agora da construção de um novo aeródromo para a cidade. Com todo o sentido. As possibilidades de aumentar a pista actual são limitadíssimas e é melhor investir num outro local que permita uma pista maior onde possam aterrar e levantar aviões charter, numa lógica de turismo de serviços atrás referido.
A jóia da coroa destes investimentos é, sem dúvida, a Faculdade de Ciências da Saúde, cuja construção está em andamento e cuja conclusão se prevê para daqui a um ano. Apetece dizer que nada voltará a ser como dantes. Há claramente uma dinâmica de desenvolvimento. Importa que os diferentes sectores da região, sociais, económicos e culturais, saibam aproveitar da melhor maneira a espiral de investimentos que neste momento ocorre aqui.