Madeira







Madeira








Por Catarina Moura

A ilha da Madeira é um daqueles lugares onde os mais diversos elementos se conjugam de tal forma harmoniosamente que o resultado é, para qualquer visitante, uma estadia sem dúvida agradável e provavelmente inesquecível. O clima mediterrânico, de características subtropicais, justifica os cenários verdes e luxuriantes de que se veste toda a ilha, potenciados pelo terreno montanhoso e irregular, e uma flora rara que acabou transformando-se no cartão de visita da Madeira, a par do vinho que lhe tomou o nome e que, tal como as flores e os frutos, galgou fronteiras, tornando-se conhecido em todo o mundo.
Apesar das suas tépidas águas, são as caminhadas e não as praias que constituem o ponto forte da oferta turística desta ilha de apenas 57 quilómetros de comprimento e 22 de largura. E não é difícil perceber porquê. Qualquer que seja o nosso destino dentro da ilha, somos premiados com a magnificência das suas paisagens verdes e deslumbrantes, contrastando com o azul profundo com que o mar ilustra o horizonte. Seja pela costa, seja seguindo o percurso apontado pelas Levadas, designação dos cursos de água que percorrem toda a ilha, vestígios preciosos do sistema de irrigação local que hoje são património mundial da UNESCO e, ao mesmo tempo, fios condutores de longos passeios pelas montanhas, a que não pode escapar nenhum amante da natureza e da caminhada.
É deste contraste profundo e inimitável entre a montanha e o mar, o azul e o verde, o antigo e o moderno, que se tecem os encantos de uma ilha que tem no turismo a sua principal fonte de receitas. O Funchal, capital do arquipélago e a maior das cinco cidades da ilha (sendo as restantes Machico, Câmara de Lobos, Santa Cruz e Santana), é símbolo justamente desse contraste. Aí vive a grande maioria da população madeirense, 120 mil de um total de 260 mil habitantes. Aí estão localizados os grandes hotéis, as maiores empresas. A oferta é enorme e diversificada. Dormir, sair, comer, levantam apenas o problema da escolha. A opção da maioria dos turistas é ficar no Funchal e daí partir em excursões diárias para os mais diversos pontos da ilha, mas o lado mais incaracterístico do Funchal, que no fundo é uma cidade como muitas, leva ao crescente sucesso do turismo rural, bem suportado por hotéis e cabanas situados ao longo da ilha e que exploram não só as potencialidades das montanhas mas também o mar e as diversas piscinas naturais que o tempo escavou ao longo da costa.
As praias madeirenses são de pedra e areia escura, não sendo particularmente atractivas para os seus visitantes. No entanto, o arquipélago compensa esse “handycap” com os extensos e macios areais dourados da ilha de Porto Santo, que merece a visita de todos os amantes das típicas férias de sol e praia. A ilha não oferece muito mais que isto, mas estes dois ingredientes são o suficiente para justificar os hotéis invariavelmente lotados. A maioria dos visitantes tenta, no entanto, conjugar o melhor das duas ilhas, dividindo o tempo disponível no arquipélago entre ambas. Acredito até que seja deste perfeito casamento de características que une Madeira e Porto Santo que faz com que os dias aí passados sejam, como dizia no início, indubitavelmente agradáveis e provavelmente inesquecíveis.