Luís Carrilho Gonçalves vê o estudo do OCES como "irreal"
Índice de sucesso escolar no Ensino Superior Público
UBI discorda de resultado de estudo nacional

A Universidade da Beira Interior contesta as conclusões de um estudo sobre sucesso escolar do Observatório da Ciência e do Ensino Superior (OCES) relativo ao ano lectivo de 2002/2003, em que se diz que 4 em cada 10 alunos do Ensino Superior não terminam os seus cursos, e coloca a instituição covilhanense no último lugar das universidades públicas nacionais.


Por Daniel Sousa e Silva


Luís Carrilho Gonçalves, vice- reitor da UBI, está completamente em desacordo com o resultado do estudo “Índice de Sucesso Escolar no Ensino Superior Público: Diplomados em 2002/2003”. O trabalho, elaborado pelo Observatório da Ciência e do Ensino Superior (OCES) e tornado público no final do Maio, aponta a UBI como a universidade pública portuguesa com a mais alta taxa de insucesso escolar.
O estudo diz que 54,7 por cento dos alunos que ingressam na instituição covilhanense não terminam os seus cursos no número de anos definido para as suas licenciaturas.
No entender do vice-reitor, a designação não é a mais correcta, “pois o que se calculou não foi uma taxa, mas sim um índice de sucesso e insucesso escolar”, esclarecendo que “não pode ser considerado um estudo, porque o OCES foi simplesmente aos arquivos do Ministério da Ciência e Ensino Superior e fez um cálculo, relacionando apenas o número de alunos que concluíram a licenciatura e os que entraram 4 ou 5 anos antes”, consoante o curso. Luís Carrilho Gonçalves considera que deveriam ter existido mais critérios, já que os utilizados pelos OCES “não tiveram em conta os abandonos dos alunos de primeiro ano escolar, que não aparecem a sequer uma prova de avaliação, e que se situa entre os 15 e os 30 por cento do total de matriculados todos os anos” na UBI; e o número de transferências internas e externas de cursos.
Um outro erro que, na óptica do vice-reitor, se pode apontar ao estudo é “o facto de ter juntado cursos com mais de 20 anos, como Gestão, e cursos que tiveram licenciados pela primeira vez apenas o ano passado, como Engenharia Mecânica ou Informática (Ensino)”, acrescentando que o OCES deveria escolher cursos com o mínimo de 10 anos de existência “para poder ser utilizado o critério da estabilidade que está mencionado naquele trabalho”. É que o estudo do OCES dá aos cursos recentes da UBI referidos por Carrilho Gonçalves umas preocupantes taxas de insucesso de 97 e 80 por cento. No entanto, o vice-reitor clarifica que “na UBI, só se fazem avaliações de cursos 2 anos após a saída do primeiro licenciado”, classificando os altos valores de “irreais e imaturos”.

UBI fez as suas contas

Como sugestão enviada ao OCES, a UBI decidiu calcular a sua própria taxa de insucesso escolar, acrescentando um novo parâmetro, abandonos relativos aos inscritos pela primeira vez no primeiro ano. “Recalculámos os novos rácios de sucesso e de insucesso [ver tabela em pdf] e obtivemos valores bastantes diferentes dos veiculados pelos OCES”, reiterou Carrilho Gonçalves. As conclusões alcançados diferem em mais de 14 por cento, tendo a UBI apontado 40,2 por cento como o índice de insucesso escolar da instituição, em contraposição aos 54,7 por cento do OCES.
Em resposta às afirmações dos responsáveis da Universidade do Minho, a melhor classificada segundo o estudo do OCES, e que na última edição do Expresso justificavam o bom resultado obtido devido às suas novas metodologias e à formação pedagógica dos seus docentes, Carrilho Gonçalves conta que a UBI também está a apostar nesses aspectos, “especialmente com a aplicação da Declaração de Bolonha”.
No entanto, o vice-reitor não isenta responsabilidades da instituição de ensino no que concerne ao insucesso escolar. “Um dos problemas é que os professores não têm capacidade para fazer com que os alunos de primeiro e segundo ano aprendam”, admite Carrilho Gonçalves, concluindo que “deveria haver um maior acompanhamento da aprendizagem sustentada” dos alunos.