Por Eduardo Alves


Esta formação é pioneira em Portugal e na Europa

Montanhas, paredes, edifícios, obstáculos naturais ou artificiais, tudo se transforma num bom lugar para a prática de escalada. Uma actividade desportiva que ganha cada vez mais adeptos. Contudo, têm-se verificado “uma montanha de problemas” na prática desta actividade. A falta de profissionais que dêem formação sobre este desporto é a principal razão da “anarquia reinante”, avançam os promotores das II Jornadas de Formação.
Perante estes obstáculos, o Núcleo de Estudantes de Ciências do Desporto da UBI (DESPUBI), decidiu realizar a primeira acção de formação deste género, a nível europeu. Os desportos de montanha emprestaram motivos suficientes para a realização desta actividade. De 19 a 25 de Julho, 40 participantes distribuíram-se por quatro módulos teóricos de aprendizagem. Meteorologia, Conhecimento do Meio de Montanha, Orientação e Navegação Terrestre e Segurança em Meio de Montanha constituíram as bases teóricas lançadas nesta iniciativa. As duas últimas formações ficaram a cargo de Máximo Múrcia, um dos mais destacados autores de estudos nesta área específica de montanha.
A iniciativa começou a ganhar força assim que o DESPUBI formou uma comissão organizadora, constituída por três alunos. Os apoios dados pela Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada (FPME) deram o empurrão final para o curso passar do papel ao terreno. Durante três dias, os participantes tomaram contacto com “conhecimentos teóricos necessários para esta prática”, avançam os responsáveis. Os restantes dias da acção foram passados na região de Leiria, “em práticas, no terreno”.
Os conhecimentos transmitidos nesta iniciativa visam atingir um público alvo. Aqui, esperam os responsáveis da FPME e os alunos de Desporto, “formar alguns formadores nesta área”. Com passagem por várias temáticas, todas relacionadas com o desporto de montanha, esta acção ganhou “uma grande importância a nível nacional e europeu”, visto ter sido a primeira do género, adianta José Alberto Teixeira, presidente da Federação.



Incentivar o turismo

Criar novas estruturas e empresas é um dos objectivos de alguns participantes

Os alunos de Desporto apontam várias vantagens a esta iniciativa. Para além “de formar pessoas numa prática desportiva que encontra na região bastantes potencialidades”, também ajuda na formação de equipas capazes de actuar em situações de risco na Serra da Estrela.
Quanto ao turismo, existe já a possibilidade de criar uma empresa virada para a prática da escalada desportiva. Uma ideia de vários alunos de Desporto que “ganham agora conhecimentos e experiências que outros não têm”. Para além da criação de empresas, podem também ser exploradas e aparecerem novas estruturas destinadas à escalada.
A ganhar “vai ficar toda uma região voltada para o turismo”, adiantam os participantes na iniciativa. David Mácia Paredes, treinador do campeão mundial de sub-23 e do vice-campeão de sub-21 esteve na UBI para ministrar o curso de treinadores de Escalada desportiva, o primeiro a ter lugar em Portugal. Este tipo de iniciativa são “raras mesmo no cenário europeu”, adianta o presidente da FPME. Os 20 participantes neste evento estão agora “mais bem preparados para este tipo de desporto, assim como, para a transmissão de conhecimentos”. José Teixeira refere que “uma das marcas da anarquia que se regista neste sector” é o aparecimento de empresas “de aventura”, as quais não têm regras nem vigilância adequadas.