Por Eduardo Alves



O estudo realizado por uma equipa de investigadores da UBI pretende delinear as medidas futuras do turismo na Serra da Estrela

Na mais alta montanha de Portugal Continental sopram agora outros ventos. Um projecto elaborado pelo Gabinete de Apoio à Investigação, um dos ramos do Centro de Estudos de Desenvolvimento Regional (CEDR) da UBI, prevê a análise de todas as potencialidades da Estrela, nos seus mais variados sectores.
As novidades desta iniciativa começam nas entidades envolvidas. Uma ligação entre a Universidade, representada por uma equipa de seis pessoas, com o conhecimento científico, liga-se às instituições civis, representadas pela Câmara Municipal de Manteigas, para traçarem o desenvolvimento de uma das mais importantes regiões turísticas de Portugal. Criar ligações entre os centros de saber e os organismos civis, “e retirar daí os respectivos benefícios para as partes” é já uma conquista deste plano, defendem os responsáveis. Por outro lado, o surgimento desta iniciativa fica marcado, “por uma análise completa e concreta de todas as potencialidades da Estrela”, avança Dina Pereira, técnica superior de investigação e responsável pelo Gabinete de Apoio à Investigação (GAI).
Na perspectiva das entidades envolvidas no plano estratégico, “os estudos têm sido feitos, ainda que paulatinamente”. Porém, a implementação das medidas apontadas nesses mesmos trabalhos “não tem sido uma realidade”, refere a técnica do GAI. O estudo, que já tem luz verde para avançar, “reúne uma equipa de seis pessoas que pretendem ir mais além daquilo que já foi feito”. Esta conjunto de investigadores espera “alargar o espectro de entidades envolvidas em torno do turismo e de todas as potencialidades da Estrela”, sublinha Dina Pereira. A mesma fonte acrescenta que “o papel da sociedade civil, através das colectividades, associações e outros organismos vai desempenhar um papel importantíssimo”, nos muitos debates, colóquios e actividades que estão previstas no plano.


Escutar associações, forças políticas e outros organismos é também um objectivo deste trabalho



Envolver todas as partes interessadas

Ainda durante este mês, “a equipa de trabalho vai arrancar para o terreno”, afiança a técnica de investigação. Numa operação que envolve um total de 11 municípios da área serrana, as atenções vão recair sobre as características próprias de cada zona, potenciar essas mesmas especificidades e alargar o espaço de debate em torno do turismo.
Um sector em pleno crescimento “que vai agora contar com novas iniciativas e sobretudo, com uma nova força de actuação por parte deste grupo de trabalho”, reiteram os envolvidos. Para além da ligação entre a Universidade e a sociedade civil, o envolvimento das câmaras municipais como parceiros do projecto “é uma certeza quanto à aplicabilidade das medidas que forem sendo tomadas por parte da equipa de trabalho”, refere Dina Pereira.
A Associação de Amigos da Serra da Estrela mostrou já o seu “significativo regozijo”, relativamente a esta iniciativa. José Maria Saraiva Serra, dos Amigos da Estrela, sublinha mesmo “a importância fundamental deste trabalho numa região que se mantém estagnada todos estes anos”. Segundo este membro, torna-se cada vez mais necessário, “reunir todos os organismos que estejam envolvidos na Serra da Estrela e delinear as medidas para o futuro”. Para esta associação, sediada em Manteigas, o que tem faltado na serra “são as acções concertadas entre diversos organismos e um relacionamento saudável, tendo em vista o futuro de uma das maiores regiões turísticas do País”.



Cerca de 500 mil euros para um plano de desenvolvimento



Estudo tem financiamento europeu


O trabalho que prevê revitalizar o turismo e desenvolver os municípios serranos está orçado em 500 mil euros. Um projecto que tem já garantido o seu financiamento. Segundo Dina Pereira, 75 por cento do estudo será pago “pelos fundos comunitários”, o restante vai ser suportado pelos 11 municípios envolvidos nesta fase.
Este projecto recorre assim a quadros de apoio europeu e estará concluído dentro de “um ano e meio a dois anos”. A sua passagem ao terreno será “imediata”, até porque, todo o trabalho vai ser baseado na auscultação de várias entidades, “dai que as conclusões que forem aparecendo”, sejam postas em prática, “no momento”, garante a responsável.