Por Eduardo Alves


Ângelo Arrifano desenvolveu um programa e um projector únicos em Portugal

Diz que não vê o mundo em linguagem informática, mas Ângelo Arrifano parece trazer os seus pensamentos sintonizados nos bits. Este jovem estudante de Engenharia Informática é o autor de um software único em Portugal.
A timidez com que começa por apresentar a sua maravilha tecnológica dissipa-se assim que Ângelo vai descortinando as potencialidades do seu invento. No ano passado, ainda como aluno da Escola Secundária Campos Melo fez parte do Clube de Holografia, promovido por aquele estabelecimento de ensino. Os hologramas, projecções de imagens que resultam do cruzamento de linhas, “obtêm-se através da utilização de lasers”. Este tipo de material, “muito dispendioso”, nem sempre está presente nas escolas. Ângelo Arrifano refere que os aparelhos mais sofisticados “são difíceis de encontrar”. Daí que o jovem informático, habituado a adaptar o computador pessoal às suas necessidades, começou a desenvolver um software capaz de produzir os hologramas que o utilizador pretende “sem necessidade de lasers ou outros instrumentos”. A tudo isto juntou ainda a concepção de um projector tridimensional, de forma a que as produções realizadas no computador possam ser vistas por todos “a três dimensões”.




Escolas devem fomentar actividades extra-curriculares

Ainda agora começa a descobrir os cantos aos edifícios da Universidade da Beira Interior. O aluno do primeiro ano de Engenharia Informática sempre estudou na Campos Melo e foi através dessa escola que apresentou o seu projecto. Um feito que o tornou num dos vencedores do Concurso de Jovens Cientistas Investigadores, promovido pela Fundação da Juventude. Na passada semana, e já como aluno da UBI, foi representar Portugal no European Union Contest for Young Scientists. Um evento que teve lugar em Dublin.
Das impressões recolhidas, Ângelo sublinha que “o projecto suscitou a curiosidade dos júris”. Embora não tenha arrecadado nenhum prémio internacional, o jovem covilhanense sublinha que vai continuar a participar em eventos com o seu projecto. Assim como “desenvolver mais o modelo”. Sem se considerar maníaco da informática, este jovem refere que passa “as horas necessárias” em frente ao computador.
O que mais traça de positivo é a participação extra-curricular em actividades escolares. Foi através de um clube existente na sua escola “que tudo isto surgiu”. Arrifano refere que “existem matérias como a física e a matemática que perdem a piada se forem apresentadas nas aulas sem a componente prática”. Essa vertente vai aparecer depois “neste tipo de projectos”. Matérias como as de física “que não entendia muito” foram apreendidas “graças a este projecto”. Daí que os grupos de actividades a funcionar nas escolas secundárias, sejam, na perspectiva de Ângelo Arrifano, “veículos que induzem ao estudo e ao aprofundamento de matérias dadas nas aulas”. Este jovem defende mesmo que este tipo de actividades “se devia generalizar”. Assim como, entrar na avaliação do aluno. Por enquanto, vai continuar a trabalhar no seu programa de holografia e no projector de três dimensões, “e aperfeiçoar alguns programas no meu computador”, acrescenta.