Por Eduardo Alves


Os deputados criticaram o facto de não se juntarem as comemorações do aniversário da cidade num só local

O traje mais aprumado e o meio da semana serviram como marcas distintivas de uma reunião que se queria comemorativa. A comemorarem os 134 anos, os deputados municipais falaram dos períodos mais importantes da urbe, das figuras de destaque e pouco mais. Eloquência e planos para o futuro faltam nesta iniciativa, tal como o público em geral.
Apenas Jorge Fael, deputado pelo Partido Comunista conseguiu arrancar alguma atenção a uma assembleia composta pelos presidentes das juntas de freguesia do concelho e alguns dirigentes associativos. Fael foi o primeiro representante político a tomar a palavra. Com uma intervenção morna, o deputado falou dos últimos anos de gestão da cidade. De entre as acções levadas a cabo pelo actual executivo camarário, Fael resumiu as que mais o marcaram. O comunista refere que “a Covilhã é feita das pessoas que nela habitam, gentes que ao longo dos tempos têm lutado por aquilo que julgam ser o melhor”. A esta introdução polvilhada de carácter “heróico”, seguiram-se momentos de ataque cerrado à actual equipa social-democrata que gere a câmara.
Para o deputado comunista, “a cidade atravessa períodos de esquecimento”. Os campos sociais e culturais são os mais afectados. Desde a falta de um espaço cultural “há tanto prometido”, até a espaços de lazer e convívio, “há uma penúria cada vez mais generalizada”.




Política “ditatorial” governa a cidade

Com uma linha discursiva de ataque, Jorge Fael provocou alguma indisposição a vereadores e presidente de câmara quando falou no relacionamento desta entidade com “as pessoas, com a comunicação social, com a cidade”. O comunista apresenta alguns factos acontecidos na passada semana, com a proibição da entrada de alguns profissionais da comunicação social na câmara, para dizer que os políticos que conduzem agora o concelho “dão-se mal com críticas e propostas vindas de outras partes”.
Ainda que por alto, Telma Madaleno, deputada do Partido Socialista também refere o mesmo aspecto. O discurso do PS apresentou-se como uma autêntica história da Covilhã. Escritores, médicos, políticos, jornalistas e descobridores dividiram com pastores e tecelões o tempo dado ao PS. No que respeita a contradições e juízos de valor sobre a actuação do executivo social-democrata, os socialistas mostram-se contidos.
Contudo, os dois partidos de esquerda lembram que “a Covilhã sempre se pautou pela liberdade, em todos os seus aspectos”. Daí que os seus habitantes vejam com muitos maus olhos “as políticas ditatoriais que reinam na câmara municipal”, adianta Jorge Fael.

Quinta do Lago e Casa da Cultura

Demarcando-se por completo do discurso da oposição, o deputado social-democrata Bernardino Gata elogiou os “benefícios operados pelo executivo de Carlos Pinto”. Gata, num tom algo fervoroso chegou mesmo a dizer que fica espantado “com a Quinta do Lago e com a Casa da Cultura”. Com ou sem trocas geográficas e localizações desconhecidas, Gata tem uma certeza. Nos 134 anos da Covilhã como cidade, “nunca existiu ninguém como o actual presidente da câmara”. A intervenção do deputado laranja terminou com o pedido de recandidatura endereçado directamente a Pinto.