Por Eduardo Alves


A visita da comitiva de empresários russos na UBI

Como a única Universidade portuguesa a leccionar o curso de Aeronáuticca, a UBI pode ser o factor decisivo para que duas empresas russas se instalem na Covilhã. Na sequência da visita do embaixador russo à cidade serrana, há duas semanas, os empresários russos também se deslocaram agora à Covilhã. A UBI foi o local escolhido para uma reunião entre investidores e docentes do departamento de Aeronáutica.
Segundo o que o Urbi et Orbi apurou, as empresas russas estão interessadas em abrir um Centro de Combate a Incêndios. Uma unidade que ficará aliada a uma plataforma industrial de transformação de aeronaves. A Kamov, fabricante de helicópteros e a Skyplan, fabricante de hidroaviões são as duas empresas, “que a breve trecho podem estar instaladas em solo luso”, adianta Alexander Mikheyev, adido comercial dos investimentos estrangeiros. A visita à UBI deveu-se, sobretudo, ao facto de “aqui ser o único local no País onde é leccionado o curso de aeronáutica”, acrescenta a mesma fonte.




Universidade é uma mais valia

O objectivo principal destas duas empresas é a criação de filiais no sul da Europa. A Kamov, uma das mais importantes construtoras de helicópteros, tem na Península Ibérica “um potencial de mercado assinalável”. Dai que um dos passos a dar pela empresa seja a criação de uma fábrica em solo luso. Segundo o representante da Kamov, “Portugal é o país que reúne mais condições para a criação dessa fábrica”. Os modelos civis produzidos por esta marca russa destinam-se ao combate a incêndios, à construção civil e a várias utilizações de vigilância e salvamento. O helicóptero que a Kamov espera vender em solos ibéricos pode ser adaptado a um conjunto vasto de finalidades. Será esse tipo de preparação que a fábrica a criar na região serrana vai executar. Daí que os investidores vejam na Covilhã e na UBI “uma mais valia na escolha final”.
A funcionar como um intermediário, o Parkurbis agendou o encontro entre os investidores e os responsáveis pela licenciatura de Engenharia Aeronáutica. Um encontro que serviu, sobretudo, “para dar a conhecer o que é leccionado na Universidade, os projectos que aqui estão a ser desenvolvidos e as instalações, quer lectivas, quer laboratoriais existentes na Covilhã”, explica Ivan Camelier, presidente do curso. Um contacto que classificou de positivo.



Formar técnicos e pilotos

Aproveitar os meios humanos e técnicos da Universidade é o objectivo deste investimento

Outra das intenções dos empresários é a formação de quadros humanos. Com a Universidade a licenciar engenheiros no campo da aeronáutica, os meios humanos necessários à manutenção e à pilotagem dos helicópteros e hidroaviões, à partida, “estaria resolvido”. Com os conhecimentos ministrados na UBI, os futuros engenheiros “poderiam muito bem operar as transformações necessárias nas aeronaves que estão destinadas a servir as regiões do sul da Europa”, refere o adido russo. Helicópteros e hidroaviões poderiam ser trazidos da Rússia, em peças “e ser montados na Covilhã”. As necessidades dos clientes ficariam, desta forma “garantidas e também se poderia avançar para desenvolvimentos de novos produtos”.
Quer em conhecimentos técnicos, imprescindíveis para a manutenção das aeronaves, quer em conhecimentos de pilotagem, os licenciados da UBI “são um potencial fabuloso”, acrescenta Alexander Mikheyev. Contudo, as duas partes que se encontraram na passada quinta-feira, 21, deixam claro que “este é um projecto a desenvolver em vários anos”. Daí que não tenha sido avançada qualquer data para o arranque do projecto.




Aeroporto é necessário

Uma das condições necessárias para que os russos se fixem na região é o aeroporto da Covilhã se tornar uma realidade. Nos planos destes investidores está também assinalada a criação de um centro de combate a incêndios. Os helicópteros Kamov “são os únicos capazes de transportar água a altitudes de 2 mil metros”, ao que acrescentam que os hidroaviões da Skyplan, “operam tanto em água como em pista convencional”.
A Covilhã está situada numa região “bastante favorável”. Isto porque, “deste ponto central podemos actuar numa vasta região de floresta e também em terras espanholas, acrescenta Alexander Mikheyev. Todos estes pontos favoráveis ficam pendentes da construção ou não de uma estrutura aeroportuária. Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da Covilhã manifestou já intenção de construir um novo aeroporto junto ao acesso da A-23 à cidade. Os russos vão agora continuar a estudar o tipo de investimento e as datas para arrancar com este projecto.