Este ano, os dois primeiros lugares do concurso foram alcançados pelos irmãos Paulo e Paula Enes
Pontes de esparguete
Solidez da massa

O tratamento culinário que alguns alunos da UBI dão ao esparguete é bem diferente do normal. Mas também o resultado ultrapassa todas as expectativas. Vai para três anos que o departamento de Engenharia Electromecânica da UBI promove um concurso onde se testam modelos de pontes construídas com “massa” alimentar e cola térmica. Este ano foi conseguido novo recorde.


Por Eduardo Alves


Da infância ficou o gosto pelo “Lego”. Paulo Enes recorda, em poucos segundos, a magia que os jogos de pequenas peças e de encaixe lhe suscitavam. Por agora, já com 25 anos, este estudante de Engenharia Electrotécnica da UBI, perde mais tempo a construir pontes e maquetas de construções recorrendo a massa alimentar e a cola térmica. Todo o espírito empreendedor nestas andanças da construção já o tornaram um dos mais respeitados concorrentes. Dos quatro concursos de “Pontes de Esparguete” realizados na UBI venceu os últimos dois. A sua maqueta conseguiu também o recorde de peso na prova de resistência. Mais de 30 quilos suportados por uma estrutura de apenas 350 gramas. Esparguete e cola térmica são os únicos materiais admitidos para a construção das pontes. Uma ideia inovadora que reúne os alunos da Universidade da Beira Interior (UBI) em torno de um evento, também ele fora dos parâmetros normais. Esta competição ganha de tal forma adeptos, que vêm concorrer, “já não só alunos de engenharia, como também de outros cursos”, explica Anna Guermann. Esta professora auxiliar do departamento de Engenharia Electromecânica e uma das dinamizadoras desta iniciativa sublinha ainda o facto deste evento ser a prova última de leccionar “engenharia de uma forma divertida”. Com este tipo de iniciativas, “o interesse dos alunos para as várias áreas desta ciência é captado de forma mais fácil e eficaz”, reitera. O maior anfiteatro do Pólo das Engenharias está a rebentar de gente que espera ver as pontes serem quebradas pelo peso do chumbo que vai sendo colocado num prato de sustentação. Mas esperam também ver surgir deste confronto destrutor uma ponte com novo recorde.
Enes é por estas alturas um dos mais tranquilos. Dos 16 modelos a concurso final, o seu ganha nas probabilidades de vitória. Surgiu “do projecto do ano passado”. As 11 horas gastas a construir a ponte serviram, sobretudo, “para melhorar alguns pormenores na resistência”. Já os primeiros modelos em prova começam a vergar sob a pressão do chumbo quando este estudante de Electrotécnica recebe mais um apoio. A sua irmã, Paula Enes, aluna do 3.º ano de Engenharia Civil, acaba de conquistar o primeiro lugar na classe de “estética”. No concurso das pontes, “existem duas vertentes”, dizem os organizadores. A primeira, “resistência”põe à prova a capacidade de suporte de pesos das pequenas estruturas, a segunda, “estética”, serve para testar novos modelos de construção. Este ano, o projecto de Paula Enes arrecada o primeiro lugar.
Um feito que o seu irmão e colega de faculdade está a “algumas gramas” de igualar. Os olhares de professores e alunos centram-se no ecrã onde está a imagem da ponte e o peso suportado. Passada a barreira dos 30 quilos, a sala agita-se. Um nervosso miudinho vai surgindo nas mãos do concorrente, crescendo quase tanto como a quantidade de chumbo que introduz no prato da balança. Passam alguns segundos e quase sem se esperar, a estrutura cede, acabando por partir. Na placa fica a confirmação de novo recorde, 35 quilos e 220 gramas.



Prémio serve para pagar propinas

Os 150 euros ganhos no concurso servem para pagar uma prestação das propinas

Paulo e Paula Enes mostram um sorriso de vencedores. Afinal sempre levam para casa os dois primeiros lugares nesta prova de “massas”. Paulo leva para casa um prémio de 150 euros, com a conquista do primeiro lugar na prova de "resistência". A sua irmão ganha 100 euros, por igual classificação no desafio de "estética". “Nem é a parte mais importante”, confessam. Mas sempre vão dizendo que ajuda muito. Paulo Enes explica mesmo que “em semana de pagamento de propinas, o dinheiro deste prémio já tem destino”. Fora toda a parte lúdica do concurso, os vencedores e restantes participantes partilham do sentimento dos alunos da UBI. Este tipo de iniciativas “devia repetir-se por quase todas as cadeiras”. Segundos os irmãos Enes, “esta é uma forma muito boa de tornear a aprendizagem das disciplinas mais teóricas”. Para estes alunos de cursos das Engenharias, “todas os eventos que sirvam para testar os conhecimentos teóricos”, de forma prática e simples, “são muito bem vindos”.
A grande parte dos concorrentes entrou neste concurso através da disciplina de Mecânica Aplicada. Uma cadeira leccionada a todos os cursos de Engenharia, onde são leccionados “conhecimentos fundamentais para se ser um bom profissional neste campo”, explica Paula Enes. Vencedora de uma prova onde “a inovação conta mais que qualquer outro factor”, não esquece que se deve ter em mente “um projecto com possibilidades”. Por agora, as obras estão “suspensas”, mas estes dois futuros engenheiros já pensam em alguns pormenores a melhorar para a próxima edição.