Por Eduardo Alves


Uma das mais conhecidas unidades fabris da indústria têxtil fechou portas esta semana

Reina um silêncio gélido na mais importante vila do concelho da Covilhã. Sinal das baixas temperaturas e da falta do silvo produzido pela sirene que anunciava, todos os dias às 8 em ponto, o início de mais um dia de trabalho.
Tal como a sirene, também o enorme portão verde da Sociedade de Fabricantes deixou de se abrir. Desde o passado dia 4 de Janeiro que está oficialmente encerrada uma das maiores e mais importantes unidades fabris do sector das confecções da região. Sedeada no Tortosendo, a Sociedade de Fabricantes empregava no momento, 120 pessoas. Mais de uma centena de trabalhadores sem emprego que se juntam agora ao número idêntico de desempregados resultantes do encerramento das confecções J. Vaz há cerca de três meses.
Há já alguns anos que a “Sociedade”, como era conhecida a empresa, estava abrangida pelo regime especial de recuperação de empresas. Contudo, as encomendas e as produções, “para todo o mundo”, não conseguiram mudar o rumo da empresa. Os trabalhadores, que na manhã da passada terça-feira, 4, se reuniram nas imediações da fábrica mostram-se bastante descontentes com toda a situação. As várias ameaças de encerramento, “que sempre pairaram sobre a empresa” eram contrariadas por encomendas de fatos para marcas de renome. Espanha, França, Alemanha são exemplo de países “para onde era exportada a produção”, tal como o mercado interno. Com o encerramento da empresa, ficam sem trabalho, “pessoas com mais de 27 anos de casa”. O Fundo de Garantia Salarial (FGS) vai agora ser accionado pela administração e entidades sindicais com o objectivo de garantir o pagamento de indemnizações.

A queda do império

Conhecida por ter lojas espalhadas por todo o País, a Sociedade de Fabricantes conheceu o seu auge durante a década de 70 do passado século. Com uma tecelagem própria, a Sociedade de Fabricantes era das poucas empresas que detinha sectores onde era realizado o processo de produção e transformação de tecidos. Os primeiros sinais de fraqueza chegaram com os anos 80, altura em que a tecelagem foi abruptamente encerrada. A empresa passou depois a trabalhar unicamente com o sector de confecção de fatos e as lojas foram também sendo encerradas. Com os primeiros dias de 2005, termina a história de uma das mais importantes empresas do sector têxtil português.