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Segundo os responsáveis estão em risco mais de 100 mil empregos

A Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL), sedeada na Covilhã, é uma das associações e sindicatos dos sectores têxtil, do vestuário e calçado português que reclamam do Governo medidas efectivas de protecção face à liberalização total do sector em 2005.
As medidas são reclamadas numa petição assinada no Porto, a apenas alguns dias do início do livre comércio mundial no sector, no dia 1 de Janeiro de 2005. No centro das preocupações está a protecção da indústria europeia face a práticas de concorrência desleal, nomeadamente, por parte da indústria asiática. Neste contexto, os signatários alertam para as “fortes repercussões sociais” da liberalização.
No documento dirigido ao Governo, recorda-se que nos últimos 10 anos, no âmbito da preparação das empresas para a liberalização do comércio mundial de têxteis, vestuário e calçado, se perderam entre 80 a 90 mil postos de trabalho em Portugal. Apesar disso, salientam os signatários, o sector demonstrou competitividade internacional ao continuar a aumentar as exportações, que em Portugal se aproximaram dos seis mil milhões de euros em 2003.
Na sequência do acesso da China à Organização Mundial de Comércio (OMC), as exportações chinesas para a União Europeia (UE) aumentaram “três ou mais vezes” em certas categorias de produtos já liberalizados e os seus preços caíram, em alguns casos, 75 por cento.
Assim, as associações pretendem que as importações de têxteis, vestuário e calçado sejam “efectivamente monitorizadas em tempo real, quer em quantidade, quer em valor, por cada país e pela Comissão Europeia”. E querem ainda garantias da aplicação rápida de medidas de salvaguarda para todas as categorias de produtos que denotem aumentos de volume ou reduções anormais de preços.
Paralelamente, pedem instrumentos de combate a todas as práticas comerciais abusivas e esforços para fazer respeitar em todo o mundo as normas fundamentais do trabalho, sociais e ambientais, tal como seguidas na Europa. Os signatários dizem que este é um alerta contra todos os que, “na China ou fora dela”, praticam venda abaixo do custo social (chamado de “dumping”) e comércio desleal.