António Fidalgo

Um novo bispo

As expectativas são altas; de D. Manuel Felício espera-se muito. A diocese da Guarda está muito precisa de um bispo que a renove qual vento forte do Espírito.

É sobretudo no plano pastoral que urge uma acção profunda do novo bispo. O modelo existente de um padre com várias paróquias é insustentável. Padres não os há em número suficiente e os que há são, na maioria, idosos. As aldeias despovoaram-se dramaticamente e lá reside um população muito envelhecida. A diocese não pode continuar a operar como se o modelo social e económico continuasse a ser o de uma população rural vivendo da agricultura.

O fenómeno da urbanização ocorreu também aqui na Beira Serra, concentrando a população no eixo das cidades, sobretudo nas atravessadas pelas auto-estradas. A agricultura deixou há muito de ser a actividade económica preponderante, a industrialização quedou-se pelo têxtil abrangendo apenas uma pequena parte da população, sobretudo na Covilhã, e são agora os serviços, o comércio, a educação, a saúde, que sustentam a economia regional. Mas o modelo pastoral mantém-se o mesmo de há cinquenta ou cem anos atrás. É aqui, com efeito, que o novo bispo tem de intervir sem tibieza.

São os padres que mais exigem a atenção do novo bispo. Vivendo e envelhecendo isolados nas suas paróquias, sacrificaram-se num dia a dia de tremendas transformações sociais que para a religião pouco mais deixou que os muitos funerais, os menos casamentos e os muito poucos baptizados. Chamados para o anúncio da fé, viram a fé das suas populações reduzir-se a momentos esporádicos de pouca vivência religiosa. Mas uma renovação da diocese não se faz sem os padres e são estes, os sacrificados, que têm de ser chamados de novo. Grande desafio para um novo bispo da Guarda.

Depois há outras tarefas como a educação e a informação. Muito antes de o Estado ter assumido as obrigações de educação e formação a diocese fê-lo com os seus colégios e seminários. Agora importa fazê-lo a outro nível, respondendo aos apelos da nova sociedade que quer um ensino privado de qualidade na região.

O novo bispo tem também de meter mãos à necessária remodelação dos meios de comunicação diocesanos. Aqui joga-se muito da presença da Igreja no mundo actual. Não se pode guardar o anúncio da palavra de Deus para os 15 minutos de homilia dominical e deixar os meios de comunicação social invadir cada vez mais a casa e o tempo das pessoas.

Espera-se do novo bispo que cumpra a sua missão petrina, de rocha, de confirmar os seus irmãos na fé, em particular os irmãos de sacerdócio.