Carta Aberta à
Universidade da Beira Interior
Cidadãos com Necessidades
Especiais
Não sei se já
repararam mas é difícil para um deficiente
frequentar esta Universidade.
Toda a Universidade, quer nos edifícios mais antigos
quer nos mais recentes, é uma prova de obstáculos,
chegando a tornar-se numa maratona de desportos radicais.
Gostava de encontrar excepções no conjunto
de edificações que constituem esta escola
mas infelizmente não consigo.
Sem perder muito tempo a pensar no assunto, lembro-me
da dificuldade em chegar aos serviços académicos
(uma volta extenuante), da imensa dificuldade em chegar
ao bar onde o único acesso, para quem se desloque
de cadeira de rodas, é feito pela rua se se tiver
chaves para abrir portas que estão sempre fechadas,
ou até à impossibilidade de um deficiente
motor (em cadeira de rodas) aceder à unidade de
Artes e Letras.
O pólo VI, para além de obrigar os deficientes
a contornar meio edifício, para entrar pela porta
mais afastada, quando existe uma outra, infelizmente fechada,
muito mais perto do estacionamento e com rampa de acesso,
tem ainda um bar onde se chega subindo dois degraus!!!
O acesso ao mesmo edifício pelo centro de informática
obriga a utilizar escadas impraticáveis (sem corrimão),
e ao próprio Centro de Informática só
se acede por escadas, mais uma vez sem corrimão.
O edifício da Química tem elevador... mas,
em alguns pisos, desemboca em escadas.
No Ernesto Cruz a saída superior tem uma rampa,
completamente inútil dado o seu declive.
Por último o edifício da Empresa Transformadora
de Lãs, que, pelo que eu conheço até
está muito bom, tem no corredor externo em paralelo
e dada a irregularidade do mesmo, uma armadilha para quem
necessita de canadianas para se deslocar.
É que tenho por vezes a sensação
de que quando falamos de acessibilidade e de deficientes,
as pessoas associam ao tema as pessoas que se deslocam
em cadeira de rodas, mas felizmente nem todos os deficientes
estão nessa situação e é necessário
tornar a Universidade, que por acaso até é
uma instituição de acesso público,
acessível a todos.
Aqui deixo alguns exemplos, que não pretendem ser
exaustivos, (esqueci me de mencionar as instalações
sanitárias, a sala de testes ...), mas julgo dar
uma ideia da gravidade e dimensão do problema.
O título que dei a esta carta aberta /“Cidadãos
com Necessidades Especiais” /é dedicado a
todos aqueles a quem é especialmente necessário
recordar que estes problemas existem, e que a igualdade
de oportunidades, neste caso no acesso ao ensino, está
ainda muito longe de ser alcançada.
Marco António Geraldes, nº
15507 Engenharia Informática
PS - Nem a propósito o URBI deste
mês traz na última página uma fotografia
com o título “Que função desempenha
a grade”. Já pensaram que os cegos têm
direito a deslocar-se na via pública sem cairem
em armadilhas como a daquele passeio?
Quando muito questionem a dimensão que obriga as
pessoas a sair do passeio e a ir para a estrada.
Sr. Presidente
Carlos Pinto
Biblioteca Municipal com clima
agreste*
Como leitora da biblioteca municipal
da Covilhã tenho reparado que esta instituição
vai de mal a pior. Mas o pior de tudo é que as
coisas até estavam a correr muito bem.
A biblioteca há mais de 2 anos andava pelas ruas
da amargura, mas passado algum tempo ela tornou-se mais
activa e dinâmica. Apareceram imensas actividades,
novos livros, filmes, exposições, muita
alegria e dinamismo. E logo começou a ser frequentada
por muitas pessoas, especialmente jovens e crianças.
Agora, desde meados de Novembro as coisas mudaram para
pior. A mesma instituição está mais
atabalhoada, sem noção e sem vontade. O
desleixo passou a fazer parte da mesma e o deixa andar
é uma constante. Toda a vida que tinha, começou
a desaparecer e os dias cinzentos voltaram.
Todavia o pior de tudo deu-se quando escutei na comunicação
social que tinham existido problemas e agressões
na biblioteca Municipal da Covilhã. Pessoalmente,
nestes últimos tempos, já assisti a várias
situações desconfortantes com gritarias
e situações pouco adequadas a uma instituição
pública. Por isso ali já nada me espanta.
Mas porquê é que mudou a Biblioteca tanto
em tão pouco tempo? Porquê é que uma
biblioteca activa e dinâmica, como demonstram as
actividades publicadas no Boletim da Câmara Municipal,
passou a ser triste e desanimada?
Procurei saber mais e disseram-me que tinham existido
mudanças na direcção da biblioteca
e que esta era a principal causa para este retrocesso.
Não sei se é verdade, mas que piorou, piorou.
Sr. Presidente: Sei que o senhor tem imenso trabalho,
mas que é sensível a estes problemas. Sei
que está sempre disponível para trabalhar
a favor deste concelho, como tem demonstrado as suas acções,
obras e atitudes. Mas, por favor explique-nos porquê
é que mudaram uma biblioteca que estava bem, para
a tornarem pior. Mais baixo que isto a Biblioteca não
pode estar. Ela bateu no fundo.
Já tentei fazer dar o meu contributo de algumas
coisas que correm mal e fazer queixas de outras coisa
que não gosto. Procurei melhorar com a minha modesta
opinião. Mas na biblioteca ninguém me recebeu
e mandaram-me que escrevesse as minhas opiniões
numa folha de papel. Ao invés de serem tratadas
com sobrancerias, as sugestões e as queixas dos
leitores deviam ser analisadas, porque proporcionam um
conhecimento real das nossas necessidades.
São perguntas e problemas. Demasiadas perguntas
e problemas que merecem uma resposta, a todos os que frequentam
a Biblioteca.
Sei que não é o culpado desta situação,
mas sim a solução. Estou a alertá-lo
para isto porque gosto de si e acredito no valor do seu
excelente trabalho. Como pessoa ocupada e o melhor autarca
que passou pela Covilhã, com obra feita, sei que
irá resolver estes problemas. Já agora aproveito-lhe
para dar os parabéns pelo animado jardim do lago,
que fica mesmo ao lado da triste biblioteca.
Porque acredito em si e sei que virão melhores
dias, estou aqui a agradecer-lhe publicamente o esforço
que fez durante estes 2 últimos anos em melhorar
aquela instituição, mas também lhe
digo que a Biblioteca tem de mudar para bem da Covilhã
e dos nossos jovens.
Sou jovem, mas estas não são críticas
do bota-abaixo. São para alertar e melhorar. Pode
contar comigo para mudar, porque eu conto com o Sr. Presidente.
Ana Santos
* "Título da responsabilidade do
Urbi"
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