“Aldrabão”
foi o adjectivo utilizado pelo autarca covilhanense, Carlos
Pinto, para com o deputado socialista, Artur Meireles.
Este não se ficou e retribuiu com mesma palavra.
Uma troca de mimos mais acalorados logo depois do autarca
trazer à conversa o assunto das casas de habitação
social construídas em terrenos do clube.
Numa assembleia onde o ponto mais importante dizia respeito
às contas da autarquia, aquilo que acabou por despertar
mais atenção foi o caso do Sport Tortosendo
e Benfica. Depois de várias intervenções
das diferentes forças políticas, no início
da sessão que serviram para felicitar o Partido
Socialista e José Sócrates pela conquista
da maioria absoluta nas eleições legislativas,
o presidente da autarquia covilhanense avançou
com um discurso fora do comum.
Vítor Pereira, o mais recente deputado covilhanense
da Assembleia Nacional, eleito nas listas do PS começou
por dizer que parte para Lisboa “para fazer vingar
os requisitos do Interior, que estiveram perdidos estes
últimos três anos”. Foi já durante
o discurso do deputado socialista que Carlos Pinto entrou
na assembleia. O presidente da autarquia covilhanense
ouviu parte do discurso de Pereira e parece não
ter gostado.
Na resposta, Pinto começou a disparar indiscriminadamente
em todos os sentidos. Para o também candidato a
deputado nacional, “cada um faz a leitura que quer
dos resultados das eleições legislativas”.
O que importa, continuou Pinto, é a obra feita.
O mote para chegar à conversa da habitação
social estava lançado e, numa forma de mudar de
assunto, o autarca social-democrata lançou o tema
há já muito posto de lado.
Artur Meireles acabou por ser o principal visado. Pinto
diz que “é por causa de certos socialistas
que 148 famílias, no concelho, não têm
habitação social”. Na defesa da honra,
Meireles começou por dizer que o acordo entre as
partes está pronto e “pode ser assinado já”.
Carlos Pinto, num descontrole, acabou por chamar Meireles
de “aldrabão”, em plena assembleia.
O deputado socialista acabou por retribuir, com as mesmas
palavras, o mimo de Pinto.
Clube apenas quer repor a verdade
A reunião chegou mesmo a ser interrompida pelo
presidente da Assembleia Municipal da Covilhã.
Carlos Abreu teve nesta reunião um dos mais duros
encontros de trabalho. Durante as intervenções
dos vários quadrantes políticos, o autarca
covilhanense interrompeu sistematicamente os intervenientes.
Aconteceu com Vítor Pereira, repetiu-se com Artur
Meireles e, para não variar, registou-se o diálogo
na intervenção de Jorge Fael.
No final, Meireles conversou com os jornalistas e esclareceu
os pontos de vista do clube. Segundo Pinto, o advogado
do Sport Tortosendo e Benfica contactou a câmara
na semana em questão, algo que os dirigentes da
associação tortosendense desconhecem. Pinto
chegou mesmo a levantar a suspeita sob o advogado do clube,
Francisco Pimentel. No entender do autarca, este “não
tem informado do que faz em nome da colectividade”.
Meireles reitera a posição inicial do Sport
Tortosendo e Benfica que apenas pretende que a Junta de
Freguesia do Tortosendo e a Câmara Municipal da
Covilhã admitam que construíram o complexo
habitacional em terrenos do clube. Pinto parece ter agora
uma visão diferente do caso e apenas diz “que
são eles – Sport Tortosendo e Benfica –
que querem mais dinheiro da empresa construtora”.
O caso arrasta-se na barra do tribunal e não tem
um fim em vista.
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