Por Eduardo Alves


Artur Meireles foi um dos deputados visados pelos adjectivos de Carlos Pinto

“Aldrabão” foi o adjectivo utilizado pelo autarca covilhanense, Carlos Pinto, para com o deputado socialista, Artur Meireles. Este não se ficou e retribuiu com mesma palavra. Uma troca de mimos mais acalorados logo depois do autarca trazer à conversa o assunto das casas de habitação social construídas em terrenos do clube.
Numa assembleia onde o ponto mais importante dizia respeito às contas da autarquia, aquilo que acabou por despertar mais atenção foi o caso do Sport Tortosendo e Benfica. Depois de várias intervenções das diferentes forças políticas, no início da sessão que serviram para felicitar o Partido Socialista e José Sócrates pela conquista da maioria absoluta nas eleições legislativas, o presidente da autarquia covilhanense avançou com um discurso fora do comum.
Vítor Pereira, o mais recente deputado covilhanense da Assembleia Nacional, eleito nas listas do PS começou por dizer que parte para Lisboa “para fazer vingar os requisitos do Interior, que estiveram perdidos estes últimos três anos”. Foi já durante o discurso do deputado socialista que Carlos Pinto entrou na assembleia. O presidente da autarquia covilhanense ouviu parte do discurso de Pereira e parece não ter gostado.
Na resposta, Pinto começou a disparar indiscriminadamente em todos os sentidos. Para o também candidato a deputado nacional, “cada um faz a leitura que quer dos resultados das eleições legislativas”. O que importa, continuou Pinto, é a obra feita. O mote para chegar à conversa da habitação social estava lançado e, numa forma de mudar de assunto, o autarca social-democrata lançou o tema há já muito posto de lado.
Artur Meireles acabou por ser o principal visado. Pinto diz que “é por causa de certos socialistas que 148 famílias, no concelho, não têm habitação social”. Na defesa da honra, Meireles começou por dizer que o acordo entre as partes está pronto e “pode ser assinado já”. Carlos Pinto, num descontrole, acabou por chamar Meireles de “aldrabão”, em plena assembleia. O deputado socialista acabou por retribuir, com as mesmas palavras, o mimo de Pinto.

Clube apenas quer repor a verdade

A reunião chegou mesmo a ser interrompida pelo presidente da Assembleia Municipal da Covilhã. Carlos Abreu teve nesta reunião um dos mais duros encontros de trabalho. Durante as intervenções dos vários quadrantes políticos, o autarca covilhanense interrompeu sistematicamente os intervenientes. Aconteceu com Vítor Pereira, repetiu-se com Artur Meireles e, para não variar, registou-se o diálogo na intervenção de Jorge Fael.
No final, Meireles conversou com os jornalistas e esclareceu os pontos de vista do clube. Segundo Pinto, o advogado do Sport Tortosendo e Benfica contactou a câmara na semana em questão, algo que os dirigentes da associação tortosendense desconhecem. Pinto chegou mesmo a levantar a suspeita sob o advogado do clube, Francisco Pimentel. No entender do autarca, este “não tem informado do que faz em nome da colectividade”.
Meireles reitera a posição inicial do Sport Tortosendo e Benfica que apenas pretende que a Junta de Freguesia do Tortosendo e a Câmara Municipal da Covilhã admitam que construíram o complexo habitacional em terrenos do clube. Pinto parece ter agora uma visão diferente do caso e apenas diz “que são eles – Sport Tortosendo e Benfica – que querem mais dinheiro da empresa construtora”. O caso arrasta-se na barra do tribunal e não tem um fim em vista.