Inovar na concepção de produtos regionais é um dos objectivos
Cova da Beira
Queijo, vinho e pão atentos à inovação

Três empresas mostram o que de melhor sabem fazer na panificação, vitivinicultura e queijaria. Porém, as três aderiram a um programa de modo a que a inovação esteja sempre presente no fabrico e torne as empresas mais competitivas.


NC / Urbi et Orbi


Sabia que, sendo dono de uma padaria, pode variar tanto no tipo de pão que produz que, em vez de cair na rotina de só fazer carcaças e trigos pode direccionar o seu produto para diabéticos, hipertensos ou idosos? Não. Pois é verdade. A explicação foi dada pelo professor da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Vítor Moreira, numa palestra que antecedeu uma mostra e degustação de pão, vinho e queijo, promovida pela Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP). A iniciativa inseriu-se no âmbito do Programa Formação PME, mais concretamente na medida PME – Qualificação. Esta medida pretende qualificar as empresas na prestação de melhores e novos serviços ao cliente/ consumidor, neste caso concreto, a aposta na produção de novos formatos de pão para a hotelaria e restauração com vista a aumentar a oferta e a variedade de pão, valorizando-se ainda as verdadeiras características do pão tradicionalmente português. Assim, três empresas mostraram o que de melhor sabem fazer, o pão, no caso da Padaria Ramalha, o vinho, na Quinta dos Termos, e o queijo, na Braz e Irmão, de Peraboa.
No que toca ao pão, Vítor Moreira explica que as empresas, como é caso da Ramalha, podem apostar em novos nichos de mercado e ter em atenção o cliente que atendem. Por exemplo, na Cova da Beira, e na Covilhã, com uma faixa etária de população bastante envelhecida, uma padaria poderá fazer pão consoante o cliente. “Os cereais são cada vez mais introduzidos no pequeno-almoço dos portugueses. Porque não introduzi-los no pão” afirma este responsável. E adianta. “A hipertensão é um problema da região. Em vários sítios da Europa já se faz pão destinado a eles. E também para os idosos, com mistura de cebola que, dizem os especialistas, ajuda na saúde dessas pessoas”.
Já no queijo, a Braz e Irmão, em Peraboa, deu o exemplo de como uma empresa pequena, e âmbito familiar, pode crescer com qualidade e ter, neste momento, 16 trabalhadores. Um dos irmãos Braz explica que o sabre veio de geração para geração, mas que em 1995 se deu o grande incremento de produção, com renovação de maquinaria e aumento da qualidade. “Penso que temos das máquinas mais sofisticadas que há” explica. O saber e mestria de gerações está em cada queijo fresco, curado ou requeijão feito, mas “a ciência e a arte caminham a par, com a preocupação constante de preservar a autenticidade dos nossos produtos, sem descurar a segurança do consumidor e o respeito pelo ambiente”. É por isso que esta queijaria de Peraboa tem assinado um protocolo de colaboração com a Universidade da Beira Interior, no que toca à realização de análises ao leite, e optou por fazer uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), de modo a evitar males maiores para o ambiente da região. A matéria-prima é toda recolhida na região e a fama destes queijos já fez com que os mesmos começassem a ser exportados para o Brasil.
Já na Quinta dos Termos, que é propriedade do presidente da Associação Empresarial, João Carvalho, produzem-se, segundo técnicas modernas, sete vinhos, cinco tintos e dois brancos. A quinta fica localizada em Carvalhal Formoso, concelho de Belmonte, tem 130 hectares e tem uma produção que cresce de ano para ano, apontando-se para que a curto prazo possam dali sair 250 a 300 mil garrafas de vinho por ano.