Por Filipa Minhós


As novas tecnologias são o futuro dos têxteis, referem os especialistas

A indústria têxtil está mudar. Numa época de globalização de mercados, a aposta no desenvolvimento de novas tecnologias de ponta e a reflexão sobre as estratégias da economia têxtil mundial são as soluções apresentadas pelas Jornadas de Engenharia Têxtil 2005. Estas jornadas, que já se realizam «há anos sem conta», consistem num “conjunto de intervenções de especialistas, quer da indústria, quer do mundo académico, que visam trazer uma complementaridade de formação aos nossos alunos e, simultaneamente, fazer uma actualização de conhecimentos para os quadros técnicos das empresas” – explica Rui Miguel, presidente do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da UBI.
Uma iniciativa do UBITEX (núcleo de estudantes de Engenharia Têxtil da UBI), que contou com o apoio e incentivo do Departamento, este conjunto de conferências teve lugar no anfiteatro 8.1 da universidade, pelos dias 31 de Março e 1 de Abril. Toda a discussão em torno da actualidade do têxtil, numa perspectiva de futuro, aliciou a adesão de muitos alunos. “A sala tem estado cheia. Logo, é sinónimo de que os temas foram bem escolhidos e de que os oradores são de muita qualidade. Mas, o mais importante é que os alunos estão muito empenhados em serem eles os técnicos do futuro” – salienta Rui Miguel.




Concorrência mais agressiva

A concorrência dos mercados torna-se cada vez mais agressiva, e as trocas comerciais existem de uma forma normal e natural. Com a liberalização dos têxteis chineses, “a preocupação de Portugal deve assentar, não na forma de estancar a entrada dos têxteis chineses no mercado, mas no sentido de ter produtos e negócios têxteis que sejam adequados à nossa realidade de País e nos coloquem ao nível daqueles que existem nos países desenvolvidos” – acrescenta ainda. De facto, para Rui Miguel, a realidade portuguesa deve manter um posicionamento de mercado de domínio dos têxteis de elevada incorporação tecnológica, dos têxteis da alta moda e dos têxteis técnicos (têxteis não convencionais). Ao mesmo tempo, é necessário existir um domínio do negócio de distribuição ao consumidor final. Só estas duas condições podem fazer frente à grande produção em série dos têxteis chineses. “O nosso posicionamento requer uma readaptação da nossa indústria e negócio têxtil. Temos que estar actualizados, na frente da moda, porque o têxtil é efémero. Aquilo que é inovador e que tem aceitação no mercado é aquilo que é inovação hoje. Quem lá chegar amanhã já não vai no pelotão da frente”.
A aplicação de novos materiais em inúmeros sectores do têxtil no novo milénio foi outra das questões abordadas nesta edição das Jornadas de Têxtil de 2005. Os novos produtos de grande incorporação tecnológica são têxteis de alta tecnologia, compostos por novos materiais fibrosos e capazes de ter um comportamento ou desempenho mais adequado às exigências do consumidor actual. “Os novos materiais têm aplicações imensas. Exemplo disso é o fato do piloto de Fórmula 1. Quando está em prova, o piloto está sujeito a condições extremamente severas e a certas exigências do corpo, pelo que o fato tem que lhe transmitir conforto durante toda a prova de competição” – afirma Rui Miguel.
Por parte do UBITEX, esta iniciativa é sempre uma boa experiência a repetir. “Estas jornadas estão a ser um sucesso, tem estado a correr tudo muito bem. Para o ano, queremos repetir novamente e esperamos que seja ainda melhor” – confirma Sónia Sousa, presidente do núcleo.