Por Filipa Minhós


Este é o único curso em Engenharia Electromecânica em Portugal

Apostar na divulgação de temas, que acabam por ser abordados de uma maneira muito superficial nas aulas, é o principal contributo da primeira semana de conferências de Engenharia Electromecânica. De facto, mostrar aos alunos a investigação que se faz no ramo a nível nacional possibilita o alargamento do leque de conhecimentos destes futuros engenheiros. “O nosso objectivo foi dar a conhecer certos temas pouco falados no curso. Não conseguimos dar muito mais do que isso neste momento. Todavia, nós damos o empurrão para os alunos mais interessados, que com certeza pesquisarão melhor as temáticas abordadas” – refere Heloísa Diogo, presidente do NEUBI (núcleo de estudantes de Engenharia Electromecânica.
Esta iniciativa parte do NEUBI e decorreu entre os dias 4 e 8 de Abril, contando com o apoio e incentivo do Departamento. Há já quatro anos que o núcleo de Engenharia Electromecânica não realizava um ciclo de conferências. “Já há bastante tempo que não realizávamos nada. No passado, havia ciclos com a duração de dois ou três dias, pelo que este ano decidimos inovar e pôr em prática a primeira semana de conferências de Electromecânica” – explica Heloísa Diogo.
Tentando criar uma maior credibilidade junto da Ordem dos Engenheiros, o curso de Engenharia Electromecânica, em Portugal, apenas existe na Universidade da Beira Interior – facto com qual o Departamento se debate constantemente, devido ao isolamento em que este curso se encontra pela falta de congéneres. “Embora a Ordem acredite este curso, não vê com bons olhos a fusão de duas engenharias tradicionais, a Electrotécnica e a Mecânica. Como tal, os alunos licenciados passam a ser membros, ou da ordem do colégio de Engenharia Mecânica, ou do colégio de Engenharia Electrotécnica – adianta Francisco Brojó, presidente do Departamento de Electromecânica. Francisco Brojó dá garantias de qualidade por parte dos alunos formados na UBI e acredita que um colégio de Electromecânica já se justifica na actualidade. “Neste momento já há licenciados suficientes e grande parte deles estão colocados como directores gerais de empresas nacionais e multinacionais. O grande problema é que estamos há pouco tempo na Ordem, para que seja criado esse mesmo colégio” – acrescenta o presidente do Departamento.




Ligação à tecnologia

A Engenharia Electromecânica está muito interligada com as novas tecnologias. As conferências pretenderam sobretudo abordar as mecânicas, as electrónicas, e as termodinâmicas relacionadas com a cogeração – sistemas térmicos dos edifícios –, e os sistemas inteligentes, numa perspectiva tecnológica de futuro de automatização dos processos. Para debater tais assuntos, o núcleo convidou principalmente oradores da casa e alguns professores do Instituto Superior Técnico de Lisboa. “Como são as primeiras conferências, decidimos que os nossos palestrantes seriam em grande maioria professores aqui da UBI, de forma a ganharmos experiência e maturidade para novas iniciativas mais elaboradas” – justifica André Sá, membro do núcleo.
Quanto às expectativas criadas relativamente à adesão dos alunos a esta iniciativa, o núcleo sente-se «um pouco desapontado». A falta de disponibilidade de certos professores em darem dispensa das aulas para este tipo de actividades condiciona o número de presentes na plateia das conferências. Os alunos acabam por seleccionar e assistir somente aos temas que consideram mais interessantes. “Os professores que não dispensam os alunos têm uma perspectiva errada. Não é o facto de faltar a uma aula numa semana que iria cortar a linha de raciocínio que eles têm num semestre. Assim, as aulas continuam a decorrer e muitos dos alunos não querem faltar às aulas para virem assistir às conferências” – salienta ainda Francisco Brojó. No próximo dia 9 de Abril terá lugar ainda na universidade um encontro de licenciados de Engenharia Electromecânica na UBI.